Os ataques russos contra a cidade ucraniana de Kharkiv, no leste do país, mataram pelo menos cinco pessoas e feriram mais de duas dezenas de outras no sábado, segundo as autoridades, numa altura em que as esperanças de paz diminuíram.
A força aérea ucraniana afirmou que a Rússia atacou com 215 mísseis e drones durante a madrugada de domingo e que as defesas aéreas ucranianas abateram 87 drones e sete mísseis.
Várias outras áreas da Ucrânia foram também atingidas, incluindo as regiões de Donetsk, Dnipropetrovsk, Odesa e a cidade de Ternopil, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, num post no X.
"Para pôr termo à matança e destruição da Rússia, é necessária mais pressão sobre Moscovo, bem como mais medidas para reforçar a Ucrânia", afirmou.
O Ministério da Defesa russo afirmou no sábado que as suas forças realizaram um ataque noturno a alvos militares ucranianos, incluindo depósitos de munições, oficinas de montagem de drones e estações de reparação de armamento. Moscovo não comentou os relatos de vítimas em Kharkiv.
O presidente da Câmara de Kharkiv, Ihor Terekhov, afirmou que os ataques também danificaram 18 edifícios de apartamentos e 13 casas particulares. Terekhov afirmou que se tratava do "ataque mais poderoso" contra a cidade desde o início da invasão russa em grande escala.
Crianças entre os feridos
O governador regional de Kharkiv, Oleh Syniehubov, disse que os ataques da manhã viram dois distritos da cidade serem atingidos por três mísseis, cinco bombas aéreas e 48 drones. Entre os feridos encontram-se duas crianças, um bebé e uma rapariga de 14 anos, acrescentou.
Seis pessoas terão ficado presas sob os escombros de uma instalação industrial no distrito de Kharkiv, em Kiev, informou o gabinete do procurador de Kharkiv numa declaração no Telegram. O o com as pessoas soterradas foi perdido e as tentativas de salvamento estão em curso desde o início da tarde, disse, sem nomear as instalações.
No sábado à tarde, as bombas aéreas russas voltaram a atingir Kharkiv, matando pelo menos uma pessoa e ferindo outras cinco, segundo o presidente da Câmara.
Os ataques da manhã também feriram duas pessoas na província de Dnipropetrovsk, mais a sul, segundo o governador local, Serhii Lysak.
Entretanto, o Ministério da Defesa russo afirmou que as suas forças abateram 36 drones ucranianos durante a noite, sobre o sul e o oeste do país, incluindo perto da capital. Os destroços do drone feriram dois civis nos subúrbios de Moscovo, informou o governador local Andrei Vorobyov.
Nenhum avanço no acordo de paz
Na sexta-feira, a Rússia atacou seis territórios ucranianos, matando pelo menos seis pessoas e ferindo cerca de 80. Entre as vítimas mortais contam-se três equipas de emergência em Kiev, uma pessoa em Lutsk e duas pessoas em Chernihiv.
O esforço diplomático liderado pelos Estados Unidos para chegar a um acordo levou a duas rondas de conversações de paz diretas entre delegações da Rússia e da Ucrânia, embora as negociações não tenham permitido avanços significativos. Mas ambas as partes continuam muito distantes nas suas condições para pôr fim aos combates.
Troca de prisioneiros posta em causa
Ainda no sábado, a Rússia e a Ucrânia acusaram-se mutuamente de pôr em perigo os planos de troca de 6000 corpos de soldados mortos em combate, acordados durante as conversações diretas em Istambul, na segunda-feira, que não fizeram qualquer progresso no sentido de pôr fim à guerra.
Vladimir Medinsky, um assessor de Putin que liderou a delegação russa, disse que Kiev pediu uma suspensão de última hora de uma troca iminente. Num post no Telegram, Medinsky disse que os camiões frigoríficos que transportavam mais de 1200 corpos de tropas ucranianas da Rússia já tinham chegado ao local de troca acordado na fronteira quando a notícia chegou.
Em resposta, a Ucrânia afirmou que a Rússia estava a fazer "jogos sujos" e a manipular os factos. De acordo com a principal autoridade ucraniana responsável por estas trocas, não foi fixada qualquer data para o repatriamento dos corpos. Num comunicado de sábado, a agência também acusou a Rússia de apresentar listas de prisioneiros de guerra para repatriamento que não correspondiam aos acordos alcançados na segunda-feira.
Não foi possível conciliar imediatamente as afirmações contraditórias.
Novo vídeo de ataque com drones a aeródromos
O Serviço de Segurança da Ucrânia divulgou no sábado um vídeo que mostra o seu audacioso ataque a aeródromos russos no domingo, no qual Kiev afirmou que 41 aviões militares russos foram destruídos.
O vídeo mostra a trajetória de voo de um drone carregado de explosivos, ou FPV (first person view), desde a descolagem do telhado de um edifício modular até ao campo de aviação de Belaya, onde parece atingir um bombardeiro estratégico russo. Outros aviões são vistos em chamas, aparentemente de ataques anteriores na "Operação Teia de Aranha" da Ucrânia.
Uma ronda anterior de negociações em Istambul, a primeira vez que negociadores russos e ucranianos se sentaram à mesma mesa desde as primeiras semanas da invasão em grande escala, levou à troca de 1000 prisioneiros de ambos os lados.