{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2015/10/08/svetlana-aleksievitch-diz-que-o-nobel-da-literatura-premeia-tambem-a" }, "headline": "Svetlana Aleksievitch diz que o Nobel da Literatura premeia tamb\u00e9m a Bielorr\u00fassia", "description": "Lusa \u2014 A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira, em Minsk, horas depois do an\u00fancio da", "articleBody": "Lusa \u2014 A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira, em Minsk, horas depois do an\u00fancio da Academia Sueca, que respeita a R\u00fassia da cultura e da ci\u00eancia, mas n\u00e3o o \u201cmundo russo de Estaline e Putin\u201d. A 14.a mulher a ser galardoada com o Nobel da escrita aproveitou a confer\u00eancia de imprensa organizada devido \u00e0 distin\u00e7\u00e3o para criticar a R\u00fassia e defender que as pessoas n\u00e3o se deviam submeter aos regimes totalit\u00e1rios A jornalista considerou o Nobel uma recompensa pessoal, mas tamb\u00e9m um pr\u00e9mio para a cultura bielorrussa e para um \u201equeno pa\u00eds que sempre viveu sob press\u00e3o\u201d. Svetlana Alexievich, Nobel de Literatura, diz n\u00e3o respeitar \u2018mundo russo de Stalin e Putin\u2019 http://t.co/ZTjjkuqPpo pic.twitter.com/vi3Rjp5Ut4\u2014 G1 (@g1) 8 outubro 2015 Svetlana Aleksievitch, 67 anos, era uma das autoras favoritas ao Nobel da Literatura e, desta vez, as apostas estavam certas. A Academia Sueca anunciou hoje o nome da escritora, elogiando a escrita \u201olif\u00f3nica, um monumento ao sofrimento e \u00e0 coragem no nosso tempo\u201d. Svetlana Aleksievitch \u00e9 a primeira jornalista mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura e receber\u00e1 o galard\u00e3o, no valor de 860.000 euros, a 10 de dezembro, em Estocolmo. A academia refere que, devido \u00e0s posi\u00e7\u00f5es pol\u00edticas cr\u00edticas ao regime, Aleksievitch viveu exilada na It\u00e1lia, Fran\u00e7a, Alemanha e Su\u00e9cia. Nascida sob bandeira sovi\u00e9tica, em Ivano-Frankovsk, na Ucr\u00e2nia, Svetlana Aleksievitch \u00e9 filha de um militar bielorrusso e m\u00e3e ucraniana. Entre 1967 e 1972, a autora estudou jornalismo na Universidade de Minsk. De acordo com a Academia Sueca, \u201cdevido \u00e0s suas posi\u00e7\u00f5es cr\u00edticas, foi obrigada, ap\u00f3s a licenciatura, a trabalhar num jornal regional na cidade bielorrussa de Brest, junto da fronteira com a Pol\u00f3nia\u201d. Mais tarde, Aleksievitch conseguiu voltar para Minsk, onde trabalhou na Sel\u2019skaja Gazeta. BREAKING NEWS The 2015 #NobelPrize in Literature is awarded to the Belarusian author Svetlana Alexievich pic.twitter.com/MABhwFJ8Lu\u2014 The Nobel Prize (@NobelPrize) 8 outubro 2015 Em 2013, Aleksievitch foi distinguida com o Pr\u00e9mio M\u00e9dicis Ensaio pela obra \u201cO fim do homem sovi\u00e9tico\u201d, que encerra uma s\u00e9rie de cinco volumes intitulada \u201cVozes da utopia\u201d, na qual aborda a ex-Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica (URSS) e a sua queda, numa perspetiva individual. Este livro foi publicado este ano em Portugal, pela Porto Editora. A s\u00e9rie foi iniciada com \u201cA guerra n\u00e3o tem o rosto de uma mulher\u201d (tradu\u00e7\u00e3o livre), primeiro livro da autora, que se baseia em entrevistas a centenas de mulheres que participaram na II Guerra Mundial (1939-45). Os seus livros est\u00e3o traduzidos em 22 l\u00ednguas e alguns foram j\u00e1 adaptados para cinema e teatro. Porto Editora quer editar mais livros de AleksievitchO Nobel vem juntar-se ainda a outros pr\u00e9mios ganhos pela jornalista bielorussa, como o Pr\u00e9mio da Paz Erich Maria Remarque, da Alemanha, em 2001, e o Pr\u00e9mio Nacional da Cr\u00edtica, dos Estados Unidos, em 2006. Uma outra obra de Svetlana Aleksievitch, \u201cVozes de Chernobyl\u201d (t\u00edtulo provis\u00f3rio), est\u00e1 prevista ser editada no pr\u00f3ximo ano pela editora Elsinore. Fonte da editora adiantou \u00e0 Lusa, que, \u201cdada a surpresa do Nobel, provavelmente ir-se-\u00e1 antecipar a sua publica\u00e7\u00e3o\u201d. Em comunicado divulgado hoje, a Porto Editora, por seu turno, real\u00e7a que Svetlana Aleksievitch \u00e9 \u201cconsiderada uma das autoras mais prestigiadas a escrever sobre a URSS [Uni\u00e3o das Rep\u00fablicas Socialistas Sovi\u00e9ticas], [e] os seus trabalhos t\u00eam recebido uma enorme aceita\u00e7\u00e3o por parte da cr\u00edtica\u201d. Manuel Alberto Valente, da Porto Editora, manifestou o desejo de publicar outras obras da autora bielorrusa. \u201cJ\u00e1 hoje (quinta-feira) entr\u00e1mos em o com a agente dela. Irei em breve partir para a Feira do Livro de Frankfurt, onde conto fechar contrato para publicar mais dois ou tr\u00eas t\u00edtulos\u201d, disse \u00e0 Lusa o editor. O respons\u00e1vel confessou que desconhecia a autora e a aposta que fez na publica\u00e7\u00e3o de \u201cO fim do homem sovi\u00e9tico\u201d foi pelo facto de ter sido apontado em 2013, em Fran\u00e7a, como o Melhor Livro Estrangeiro daquele ano e a maneira \u201centusiasmante\u201d como a ele se referiu a imprensa sa. \u201cFiquei absolutamente convencido de que est\u00e1vamos diante de uma obra que tinha de ser publicada em Portugal\u201d, disse Manuel Alberto Valente. A leitura, posteriormente, em portugu\u00eas, \u201cveio a confirmar a import\u00e2ncia da publica\u00e7\u00e3o da obra\u201d. Traduzida diretamente do russo por Ant\u00f3nio Pescada, em \u201cO fim do homem sovi\u00e9tico\u201d Manuel Alberto Valente real\u00e7a \u201csobretudo uma an\u00e1lise sobre o perfil do homem russo\u201d. \u201cTodos nos convencemos que, com a queda do imp\u00e9rio sovi\u00e9tico, haveria da parte do povo um sentimento satisfa\u00e7\u00e3o pela conquista da liberdade, pelo fim de um regime ditatorial, e o que ela reflete neste livro, atrav\u00e9s de centenas de testemunhos, \u00e9 que n\u00e3o foi isso que aconteceu\u201d. \u201cHouve, antes, um grande desencanto no povo russo, e uma esp\u00e9cie de saudade dos tempos gloriosos em que a R\u00fassia era de facto um grande imp\u00e9rio universal, e isso explica \u2014 como ela mostra perfeitamente -, o recrudescimento, entre os jovens, de um grande culto de Estaline, e de uma grande ambi\u00e7\u00e3o de que a R\u00fassia pudesse voltar a ser o espa\u00e7o geogr\u00e1fico determinante no mundo\u201d, disse, considerando que esta observa\u00e7\u00e3o \u201cexplica muito o que est\u00e1 hoje a acontecer com [Vladimir] Putin\u201d. Uma escritora extraordin\u00e1ria que criou um novo estilo Para a nova secret\u00e1ria permanente da Academia Sueca, Svetlana Aleksievitch \u00e9 uma \u201cescritora extraordin\u00e1ria\u201d que tra\u00e7ou uma \u201chist\u00f3ria da alma\u201d do per\u00edodo p\u00f3s-sovi\u00e9tico. \u201cO que ela conseguiu \u00e9 um feito extraordin\u00e1rio. Nos \u00faltimos 40 anos, ela tem vindo a explorar a alma dos indiv\u00edduos na era sovi\u00e9tica e na era p\u00f3s sovi\u00e9tica. S\u00f3 isso teria sido suficiente, mas acima disso ela criou todo um novo estilo liter\u00e1rio, que transcende os formatos convencionais do jornalismo\u201d, afirmou Sara Danius Nobel Laureate Alexievich: What She\u2019s Written And What She\u2019s Said RFERL http://t.co/JaKSe6fVYz #NobelPrize\u2014 The Nobel Prize (NobelPrize) 8 outubro 2015 Numa declara\u00e7\u00e3o divulgada pela Academia, a nova secret\u00e1ria permanente afirmou que Svetlana Aleksievitch, de 67 anos, \u201cesteve ocupada nos \u00faltimos trinta ou quarenta anos a mapear o indiv\u00edduo [do per\u00edodo] p\u00f3s-sovi\u00e9tico\u201d. \u201cN\u00e3o se trata de uma hist\u00f3ria sobre acontecimentos, mas sobre emo\u00e7\u00f5es\u201d, afirmou Sara Danius, sublinhando que os temas retratados por Svetlana Aleksievitch, como o desastre nuclear de Chernobyl, s\u00e3o \u201retextos para conhecer o indiv\u00edduo sovi\u00e9tico e p\u00f3s-sovi\u00e9tico\u201d. Na hist\u00f3ria do Nobel da Literatura somam-se agora 14 mulheres distinguidas com o galard\u00e3o, sete delas nos \u00faltimos 25 anos. A mais recente foi a escritora canadiana Alice Munro, em 2013, antecedida da alem\u00e3 de origem romena Herta M\u00fcller, em 2009, da brit\u00e2nica Doris Lessing, em 2007, da austr\u00edaca Elfriede Jelinek, em 2004, da norte-americana Toni Morrison, em 1993, e da sul-africana Nadine Gordimer, em 1991. A poetisa alem\u00e3 Nelly Sachs, em 1966, a chilena Gabriela Mistral, em 1945, a romancista norte-americana Pearl S. Buck, em 1938, a escritora norueguesa Sigid Undset, em 1928, e a italiana Grazia Deledda, em 1926, foram as anteriores. A sueca Selma Lagerl\u00f6f, autora de \u201cA maravilhosa viagem de Nils Holgersson\u201d, foi a primeira mulher distinguida com o Nobel da Literatura, em 1909. Em 2014, o Pr\u00e9mio Nobel da Literatura foi atribu\u00eddo ao escritor franc\u00eas Patrick Modiano. Na hist\u00f3ria desta distin\u00e7\u00e3o, apenas um autor portugu\u00eas foi premiado pela Academia Sueca. Jos\u00e9 Saramago recebeu o galard\u00e3o em 1998.", "dateCreated": "2015-10-08T21:26:18+02:00", "dateModified": "2015-10-08T21:26:18+02:00", "datePublished": "2015-10-08T21:26:18+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F314914%2F1440x810_314914.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Lusa \u2014 A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira, em Minsk, horas depois do an\u00fancio da", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F314914%2F432x243_314914.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Svetlana Aleksievitch diz que o Nobel da Literatura premeia também a Bielorrússia

Svetlana Aleksievitch diz que o Nobel da Literatura premeia também a Bielorrússia
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Lusa — A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira, em Minsk, horas depois do anúncio da

PUBLICIDADE

Lusa — A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou esta quinta-feira, em Minsk, horas depois do anúncio da Academia Sueca, que respeita a Rússia da cultura e da ciência, mas não o “mundo russo de Estaline e Putin”. A 14.a mulher a ser galardoada com o Nobel da escrita aproveitou a conferência de imprensa organizada devido à distinção para criticar a Rússia e defender que as pessoas não se deviam submeter aos regimes totalitários

A jornalista considerou o Nobel uma recompensa pessoal, mas também um prémio para a cultura bielorrussa e para um “pequeno país que sempre viveu sob pressão”.

Svetlana Alexievich, Nobel de Literatura, diz não respeitar 'mundo russo de Stalin e Putin' http://t.co/ZTjjkuqPpopic.twitter.com/vi3Rjp5Ut4

— G1 (@g1) 8 outubro 2015

Svetlana Aleksievitch, 67 anos, era uma das autoras favoritas ao Nobel da Literatura e, desta vez, as apostas estavam certas. A Academia Sueca anunciou hoje o nome da escritora, elogiando a escrita “polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo”.

Svetlana Aleksievitch é a primeira jornalista mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura e receberá o galardão, no valor de 860.000 euros, a 10 de dezembro, em Estocolmo. A academia refere que, devido às posições políticas críticas ao regime, Aleksievitch viveu exilada na Itália, França, Alemanha e Suécia.

Nascida sob bandeira soviética, em Ivano-Frankovsk, na Ucrânia, Svetlana Aleksievitch é filha de um militar bielorrusso e mãe ucraniana. Entre 1967 e 1972, a autora estudou jornalismo na Universidade de Minsk. De acordo com a Academia Sueca, “devido às suas posições críticas, foi obrigada, após a licenciatura, a trabalhar num jornal regional na cidade bielorrussa de Brest, junto da fronteira com a Polónia”. Mais tarde, Aleksievitch conseguiu voltar para Minsk, onde trabalhou na Sel’skaja Gazeta.

BREAKING NEWS The 2015 #NobelPrize in Literature is awarded to the Belarusian author Svetlana Alexievich pic.twitter.com/MABhwFJ8Lu

— The Nobel Prize (@NobelPrize) 8 outubro 2015

Em 2013, Aleksievitch foi distinguida com o Prémio Médicis Ensaio pela obra “O fim do homem soviético”, que encerra uma série de cinco volumes intitulada “Vozes da utopia”, na qual aborda a ex-União Soviética (URSS) e a sua queda, numa perspetiva individual. Este livro foi publicado este ano em Portugal, pela Porto Editora.

A série foi iniciada com “A guerra não tem o rosto de uma mulher” (tradução livre), primeiro livro da autora, que se baseia em entrevistas a centenas de mulheres que participaram na II Guerra Mundial (1939-45). Os seus livros estão traduzidos em 22 línguas e alguns foram já adaptados para cinema e teatro.

Porto Editora quer editar mais livros de Aleksievitch

O Nobel vem juntar-se ainda a outros prémios ganhos pela jornalista bielorussa, como o Prémio da Paz Erich Maria Remarque, da Alemanha, em 2001, e o Prémio Nacional da Crítica, dos Estados Unidos, em 2006. Uma outra obra de Svetlana Aleksievitch, “Vozes de Chernobyl” (título provisório), está prevista ser editada no próximo ano pela editora Elsinore. Fonte da editora adiantou à Lusa, que, “dada a surpresa do Nobel, provavelmente ir-se-á antecipar a sua publicação”.

Em comunicado divulgado hoje, a Porto Editora, por seu turno, realça que Svetlana Aleksievitch é “considerada uma das autoras mais prestigiadas a escrever sobre a URSS [União das Repúblicas Socialistas Soviéticas], [e] os seus trabalhos têm recebido uma enorme aceitação por parte da crítica”.

Manuel Alberto Valente, da Porto Editora, manifestou o desejo de publicar outras obras da autora bielorrusa. “Já hoje (quinta-feira) entrámos em o com a agente dela. Irei em breve partir para a Feira do Livro de Frankfurt, onde conto fechar contrato para publicar mais dois ou três títulos”, disse à Lusa o editor.

O responsável confessou que desconhecia a autora e a aposta que fez na publicação de “O fim do homem soviético” foi pelo facto de ter sido apontado em 2013, em França, como o Melhor Livro Estrangeiro daquele ano e a maneira “entusiasmante” como a ele se referiu a imprensa sa. “Fiquei absolutamente convencido de que estávamos diante de uma obra que tinha de ser publicada em Portugal”, disse Manuel Alberto Valente.

A leitura, posteriormente, em português, “veio a confirmar a importância da publicação da obra”. Traduzida diretamente do russo por António Pescada, em “O fim do homem soviético” Manuel Alberto Valente realça “sobretudo uma análise sobre o perfil do homem russo”. “Todos nos convencemos que, com a queda do império soviético, haveria da parte do povo um sentimento satisfação pela conquista da liberdade, pelo fim de um regime ditatorial, e o que ela reflete neste livro, através de centenas de testemunhos, é que não foi isso que aconteceu”.

“Houve, antes, um grande desencanto no povo russo, e uma espécie de saudade dos tempos gloriosos em que a Rússia era de facto um grande império universal, e isso explica — como ela mostra perfeitamente -, o recrudescimento, entre os jovens, de um grande culto de Estaline, e de uma grande ambição de que a Rússia pudesse voltar a ser o espaço geográfico determinante no mundo”, disse, considerando que esta observação “explica muito o que está hoje a acontecer com [Vladimir] Putin”.

Uma escritora extraordinária que criou um novo estilo

Para a nova secretária permanente da Academia Sueca, Svetlana Aleksievitch é uma “escritora extraordinária” que traçou uma “história da alma” do período pós-soviético. “O que ela conseguiu é um feito extraordinário. Nos últimos 40 anos, ela tem vindo a explorar a alma dos indivíduos na era soviética e na era pós soviética. Só isso teria sido suficiente, mas acima disso ela criou todo um novo estilo literário, que transcende os formatos convencionais do jornalismo”, afirmou Sara Danius

Nobel Laureate Alexievich: What She's Written And What She's Said RFERL</a> <a href="http://t.co/JaKSe6fVYz">http://t.co/JaKSe6fVYz</a> <a href="https://twitter.com/hashtag/NobelPrize?src=hash">#NobelPrize</a></p>&mdash; The Nobel Prize (NobelPrize) 8 outubro 2015

Numa declaração divulgada pela Academia, a nova secretária permanente afirmou que Svetlana Aleksievitch, de 67 anos, “esteve ocupada nos últimos trinta ou quarenta anos a mapear o indivíduo [do período] pós-soviético”.

“Não se trata de uma história sobre acontecimentos, mas sobre emoções”, afirmou Sara Danius, sublinhando que os temas retratados por Svetlana Aleksievitch, como o desastre nuclear de Chernobyl, são “pretextos para conhecer o indivíduo soviético e pós-soviético”.

Na história do Nobel da Literatura somam-se agora 14 mulheres distinguidas com o galardão, sete delas nos últimos 25 anos. A mais recente foi a escritora canadiana Alice Munro, em 2013, antecedida da alemã de origem romena Herta Müller, em 2009, da britânica Doris Lessing, em 2007, da austríaca Elfriede Jelinek, em 2004, da norte-americana Toni Morrison, em 1993, e da sul-africana Nadine Gordimer, em 1991.

A poetisa alemã Nelly Sachs, em 1966, a chilena Gabriela Mistral, em 1945, a romancista norte-americana Pearl S. Buck, em 1938, a escritora norueguesa Sigid Undset, em 1928, e a italiana Grazia Deledda, em 1926, foram as anteriores.

A sueca Selma Lagerlöf, autora de “A maravilhosa viagem de Nils Holgersson”, foi a primeira mulher distinguida com o Nobel da Literatura, em 1909. Em 2014, o Prémio Nobel da Literatura foi atribuído ao escritor francês Patrick Modiano. Na história desta distinção, apenas um autor português foi premiado pela Academia Sueca. José Saramago recebeu o galardão em 1998.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Nobel da Paz distingue diálogo nacional após "primavera árabe" na Tunísia

Nobel da Literatura atribuído a Svetlana Alexievich

Lukashenko "perdoou" mais de 40 presos políticos, mas a repressão na Bielorrússia continua