{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2019/12/16/genericos-russos-contestados-por-medicos-e-pacientes" }, "headline": "Gen\u00e9ricos russos contestados por m\u00e9dicos e pacientes", "description": "H\u00e1 v\u00e1rios anos, a R\u00fassia substituiu medicamentos de fabrico estrangeiro por gen\u00e9ricos russos, como parte de uma estrat\u00e9gia nacional", "articleBody": "Daria nasceu com fibrose c\u00edstica, uma doen\u00e7a gen\u00e9tica rara que afeta principalmente os pulm\u00f5es. Aos 24 anos, tem grande dificuldade em respirar, mas n\u00e3o hesitou em sair em protesto at\u00e9 ao Minist\u00e9rio russo da Sa\u00fade. No poster que exibe est\u00e1 escrito: \u0022Quero vier\u0022. Ela exige o direito de ser tratada com medicamentos n\u00e3o gen\u00e9ricos, provenientes do estrangeiro. Uma peti\u00e7\u00e3o nesse sentido recolheu j\u00e1 mais de 200.000 s. Daria: \u0022N\u00f3s, pacientes e familiares de pacientes com fibrose c\u00edstica, temos de sair \u00e0 rua e pedir que n\u00e3o nos retirem os \u00faltimos antibi\u00f3ticos ativos, para podermos viver pelo menos durante mais algum tempo.\u0022 Daria est\u00e1 em lista de espera para um transplante de pulm\u00f5es. Ela diz que, noutros pa\u00edses, pessoas com fibrose c\u00edstica vivem vidas longas, trabalham e praticam desporto. Ela quer simplesmente sobreviver at\u00e9 ao pr\u00f3ximo ano e acusa o Estado e os gen\u00e9ricos russos. Galina Polonskaya, euronews: \u0022H\u00e1 v\u00e1rios anos, a R\u00fassia decidiu substituir medicamentos de fabrico estrangeiro por gen\u00e9ricos russos, como parte de uma estrat\u00e9gia nacional. Muitos medicamentos estrangeiros foram assim retirados do mercado e profissionais de sa\u00fade dizem que esse patriotismo m\u00e9dico est\u00e1 basicamente a matar pessoas que poderiam ser facilmente curadas, mas os avisos n\u00e3o s\u00e3o ouvidos.\u0022 Aleksandr Saversky, diretor da Liga de Defesa dos Pacientes: \u0022O gen\u00e9rico cont\u00e9m outras subst\u00e2ncias e pode ter aditivos diferentes. Os m\u00e9dicos t\u00eam medo de comunicar os efeitos secund\u00e1rios, porque o sistema os culpabiliza, afirmando que receitaram algo errado.\u0022 Sacha, de 4 anos, tamb\u00e9m nasceu com fibrose c\u00edstica. No ano ado, foi tr\u00eas vezes seguidas ao hospital, deixando claro que os gen\u00e9ricos russos n\u00e3o estavam a funcionar. Os pais decidiram pedir um cr\u00e9dito e levar Sacha a um hospital em Israel. Onze meses depois, Sacha sente-se muito melhor, mas os pais Irina e Rinat est\u00e3o presos a um empr\u00e9stimo avultado. Irina Abdulova: \u0022Sentimos muita ansiedade... O meu marido come\u00e7ou a ter ataques de p\u00e2nico. N\u00e3o sabemos simplesmente o que fazer. Pegar na crian\u00e7a e fugir para algum s\u00edtio? Mas para onde?\u0022 A quest\u00e3o afeta tamb\u00e9m outros pacientes, com outras doen\u00e7as. Os pais de dezenas de crian\u00e7as com cancro na regi\u00e3o de Krasnoyarsk alertaram para os efeitos secund\u00e1rios do Vicristin russo. Sophia, de 9 anos, deixou de poder mexer as m\u00e3os e pernas depois de ser tratada com o medicamento em quest\u00e3o. Mesmo se os pais conseguem adquirir o medicamento original, os hospitais recusam istr\u00e1-lo. O oncologista pedi\u00e1trico Aleksey Maschan luta h\u00e1 v\u00e1rios anos contra o patriotismo m\u00e9dico. Numa carta ao ministro da Sa\u00fade avisa que, se a situa\u00e7\u00e3o n\u00e3o mudar, a taxa de mortalidade das crian\u00e7as com cancro na R\u00fassia vai subir at\u00e9 30 por cento nos pr\u00f3ximos 5 anos. Aleksey Maschan: \u0022Usamos 7, 8 ou 9 medicamentos num paciente com um tumor. Se um ou dois forem menos eficazes, poderemos ver os resultados, mas apenas 5 a 7 anos mais tarde. Daqui a alguns anos, assistiremos a um aumento nas reincid\u00eancias, veremos crian\u00e7as a morrerem, apesar de n\u00e3o o podermos provar agora.\u0022 Pais de crian\u00e7as com doen\u00e7as raras, como a fibrose c\u00edstica, s\u00e3o os mais ativos na contesta\u00e7\u00e3o contra o sistema, organizando a\u00e7\u00f5es de protesto por todo o pa\u00eds, mais tamb\u00e9m indo ao encontro de respons\u00e1veis e escrevendo cartas. No entanto, nada parece mudar. Anna Stanovskaya: \u0022As pessoas v\u00e3o come\u00e7ar a morrer, as crian\u00e7as tamb\u00e9m, como acontecia h\u00e1 20 ou 30 anos. O Estado est\u00e1 a obrigar-me a fazer experi\u00eancias com a sa\u00fade do meu filho.\u0022 O filho de Anna tamb\u00e9m sofre de fibrose c\u00edstica. Ela diz-se disposta a tornar-se numa refugiada m\u00e9dica para salvar a sua vida, se nada mudar na R\u00fassia. ", "dateCreated": "2019-12-06T13:02:40+01:00", "dateModified": "2019-12-16T14:13:42+01:00", "datePublished": "2019-12-16T12:25:41+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F34%2F88%2F46%2F1440x810_cmsv2_96f5ddad-c54d-5973-baa3-2225b3a249e0-4348846.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "H\u00e1 v\u00e1rios anos, a R\u00fassia substituiu medicamentos de fabrico estrangeiro por gen\u00e9ricos russos, como parte de uma estrat\u00e9gia nacional", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F34%2F88%2F46%2F432x243_cmsv2_96f5ddad-c54d-5973-baa3-2225b3a249e0-4348846.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Polonskaya", "givenName": "Galina", "name": "Galina Polonskaya", "url": "/perfis/457", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue russe " } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Genéricos russos contestados por médicos e pacientes

Genéricos russos contestados por médicos e pacientes
Direitos de autor 
De Galina Polonskaya
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Há vários anos, a Rússia substituiu medicamentos de fabrico estrangeiro por genéricos russos, como parte de uma estratégia nacional

PUBLICIDADE

Daria nasceu com fibrose cística, uma doença genética rara que afeta principalmente os pulmões. Aos 24 anos, tem grande dificuldade em respirar, mas não hesitou em sair em protesto até ao Ministério russo da Saúde. No poster que exibe está escrito: "Quero vier". Ela exige o direito de ser tratada com medicamentos não genéricos, provenientes do estrangeiro. Uma petição nesse sentido recolheu já mais de 200.000 s.

Daria: "Nós, pacientes e familiares de pacientes com fibrose cística, temos de sair à rua e pedir que não nos retirem os últimos antibióticos ativos, para podermos viver pelo menos durante mais algum tempo."

Daria está em lista de espera para um transplante de pulmões. Ela diz que, noutros países, pessoas com fibrose cística vivem vidas longas, trabalham e praticam desporto. Ela quer simplesmente sobreviver até ao próximo ano e acusa o Estado e os genéricos russos.

Galina Polonskaya, euronews: "Há vários anos, a Rússia decidiu substituir medicamentos de fabrico estrangeiro por genéricos russos, como parte de uma estratégia nacional. Muitos medicamentos estrangeiros foram assim retirados do mercado e profissionais de saúde dizem que esse patriotismo médico está basicamente a matar pessoas que poderiam ser facilmente curadas, mas os avisos não são ouvidos."

Aleksandr Saversky, diretor da Liga de Defesa dos Pacientes: "O genérico contém outras substâncias e pode ter aditivos diferentes. Os médicos têm medo de comunicar os efeitos secundários, porque o sistema os culpabiliza, afirmando que receitaram algo errado."

Sacha, de 4 anos, também nasceu com fibrose cística. No ano ado, foi três vezes seguidas ao hospital, deixando claro que os genéricos russos não estavam a funcionar. Os pais decidiram pedir um crédito e levar Sacha a um hospital em Israel. Onze meses depois, Sacha sente-se muito melhor, mas os pais Irina e Rinat estão presos a um empréstimo avultado.

Irina Abdulova: "Sentimos muita ansiedade... O meu marido começou a ter ataques de pânico. Não sabemos simplesmente o que fazer. Pegar na criança e fugir para algum sítio? Mas para onde?"

A questão afeta também outros pacientes, com outras doenças. Os pais de dezenas de crianças com cancro na região de Krasnoyarsk alertaram para os efeitos secundários do Vicristin russo. Sophia, de 9 anos, deixou de poder mexer as mãos e pernas depois de ser tratada com o medicamento em questão. Mesmo se os pais conseguem adquirir o medicamento original, os hospitais recusam istrá-lo.

O oncologista pediátrico Aleksey Maschan luta há vários anos contra o patriotismo médico. Numa carta ao ministro da Saúde avisa que, se a situação não mudar, a taxa de mortalidade das crianças com cancro na Rússia vai subir até 30 por cento nos próximos 5 anos.

Aleksey Maschan: "Usamos 7, 8 ou 9 medicamentos num paciente com um tumor. Se um ou dois forem menos eficazes, poderemos ver os resultados, mas apenas 5 a 7 anos mais tarde. Daqui a alguns anos, assistiremos a um aumento nas reincidências, veremos crianças a morrerem, apesar de não o podermos provar agora."

Pais de crianças com doenças raras, como a fibrose cística, são os mais ativos na contestação contra o sistema, organizando ações de protesto por todo o país, mais também indo ao encontro de responsáveis e escrevendo cartas. No entanto, nada parece mudar.

Anna Stanovskaya: "As pessoas vão começar a morrer, as crianças também, como acontecia há 20 ou 30 anos. O Estado está a obrigar-me a fazer experiências com a saúde do meu filho."

O filho de Anna também sofre de fibrose cística. Ela diz-se disposta a tornar-se numa refugiada médica para salvar a sua vida, se nada mudar na Rússia.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Rússia acusa Sérvia de armar a Ucrânia e de "apunhalar Moscovo pelas costas"

Vários aeroportos russos suspendem operações devido a ataques de drones ucranianos

Rússia perdeu quase um milhão de tropas na guerra contra a Ucrânia, afirma Kiev