{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/06/28/estamos-a-discriminar-os-migrantes-russos" }, "headline": "Estar\u00e3o os europeus a discriminar os migrantes russos?", "description": "\u0022Quando as pessoas se apercebem que sou da R\u00fassia, vejo a sua cara mudar\u0022, contou \u00e0 Euronews um migrante russo que se mudou para a Litu\u00e2nia no ano ado", "articleBody": "\u0022O meu sonho sempre foi mudar-me para a Europa\u0022, diz Ivan Sidorov, que n\u00e3o revela o nome verdadeiro por receio. Tem estatuto de\u00a0 imigrante e a fam\u00edlia est\u00e1 na R\u00fassia. Surpreendido com a facilidade com que era poss\u00edvel entrar na Uni\u00e3o Europeia (UE), Sidorov, 31 anos, encontrou um emprego e mudou-se de S\u00e3o Petersburgo para a Litu\u00e2nia em setembro ado. Achou que o seu futuro era na Europa por causa da situa\u00e7\u00e3o que se vive no seu pa\u00eds. \u0022O nosso presidente, governo, regime... n\u00e3o podemos mudar nada. Se tentarmos, arriscamo-nos a ir parar \u00e0 pris\u00e3o. Antes, pensava que t\u00ednhamos uma hip\u00f3tese, mas apercebi-me que \u00e9 in\u00fatil\u0022, conta \u00e0 Euronews.\u00a0 \u0022O dom\u00ednio deles \u00e9 demasiado forte\u0022. Quando os tanques russos invadiram a Ucr\u00e2nia em fevereiro de 2022, Sidorov participou em v\u00e1rios protestos contra a guerra em S\u00e3o Petersburgo.\u00a0 Embora tenha conseguido escapar a qualquer puni\u00e7\u00e3o, milhares de russos foram detidos, espancados e presos pelas for\u00e7as de seguran\u00e7a por se estarem a manifestar contra o governo. \u0022N\u00e3o h\u00e1 nada que possamos fazer para alterar a situa\u00e7\u00e3o\u0022 Apesar de se opor ao Kremlin, Sidorov diz que a pol\u00edtica lhe \u00e9 implacavelmente imposta.\u00a0 \u0022Antes de me mudar para c\u00e1, pensava que a exist\u00eancia de quest\u00f5es pol\u00edticas entre pessoas comuns como eu, era um mito\u0022, ite.\u00a0 \u0022Pensava que toda a gente compreendia que se tratava apenas de pol\u00edtica e que aqueles que deixam a R\u00fassia est\u00e3o contra tudo isto, que n\u00e3o \u00e9 escolha dos russos.\u00a0 Mas quando cheguei, fiquei surpreendido com a dificuldade das coisas\u0022. Os lituanos apoiam muito a Ucr\u00e2nia. Muitos s\u00e3o severos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 R\u00fassia, marcados por aquilo a que chamam ocupa\u00e7\u00e3o, explora\u00e7\u00e3o e 'russifica\u00e7\u00e3o' do seu pa\u00eds na altura da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica. Sidorov acredita que um \u0022v\u00edrus psicol\u00f3gico\u0022 herdado da Hist\u00f3ria coloca os russos como inimigos na mente das pessoas, mesmo que o russo com quem se cruzam n\u00e3o seja mau. O migrante lembra-se de ocasi\u00f5es em que outras pessoas foram agressivas, hostis ou o questionaram incansavelmente sobre a sua posi\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 guerra, por vezes insultando-o ou dizendo piadas ofensivas. \u0022A verdade \u00e9 que a maior parte da popula\u00e7\u00e3o russa n\u00e3o \u00e9 pol\u00edtica\u0022, sublinha.\u00a0 \u0022A Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica eliminou toda a vontade de influenciar a pol\u00edtica. Este regime disse \u00e0s pessoas como deviam viver durante 70 anos e elas f icaram impotentes devido ao car\u00e1ter autorit\u00e1rio\u0022. V\u00edlnius, em solidariedade com Kiev, implementou v\u00e1rias medidas restritivas para os cidad\u00e3os russos, suspendendo os vistos pouco depois da invas\u00e3o e proibindo-os de comprar propriedades na Litu\u00e2nia. \u0022Penso que estas pol\u00edticas s\u00e3o um grande erro\u0022, critica Sidorov. \u0022As pessoas que apoiam esta confus\u00e3o ficam na R\u00fassia. Todos os outros fogem e tentam fazer uma nova vida\u0022. \u0022J\u00e1 temos problemas suficientes. Perdemos as nossas casas. N\u00e3o podemos simplesmente voltar para a R\u00fassia.\u0022 \u0022A elite russa est\u00e1 a gozar a vida na Europa como se nada tivesse acontecido\u0022 Mas nem toda a gente est\u00e1 de acordo.\u00a0 Em setembro ado, Benjamin Tallis, especialista em pol\u00edtica e seguran\u00e7a internacional, disse \u00e0 Euronews que a imposi\u00e7\u00e3o de medidas duras aos cidad\u00e3os russos na UE era necess\u00e1ria para mostrar o quanto o bloco estava contra a agress\u00e3o de Moscovo. \u0022\u00c9 errado ver que a elite russa est\u00e1 a gozar a vida na Europa como se nada tivesse acontecido, enquanto os russos continuam a matar, torturar, violar e roubar a Ucr\u00e2nia\u0022, real\u00e7ou tamb\u00e9m a cientista pol\u00edtica Kristi Raik na altura. Apesar das restri\u00e7\u00f5es de viagem e de vistos impostas por uma grande parte dos pa\u00edses da UE \u00e0 R\u00fassia em 2022, mais de 600 mil cidad\u00e3os russos receberam vistos Schengen no ano ado. Nadezda Kutepova, uma advogada e ativista russa dos direitos humanos, chegou a Fran\u00e7a como refugiada em 2015 e acredita que o pa\u00eds \u0022faz o seu melhor\u0022. A forma como \u00e9 tratada pela sociedade ou pelo Estado ses n\u00e3o mudou desde o in\u00edcio da guerra, exceto os eternos \u0022problemas da burocracia sa\u0022, revela \u00e0 Euronews. Mas Kutepova \u00e9 severa com os seus compatriotas. \u0022Estou muito, muito zangada com isto. As pessoas n\u00e3o v\u00e3o \u00e0s manifesta\u00e7\u00f5es porque pensam que a sua participa\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 \u00fatil.\u00a0 Mas isso n\u00e3o \u00e9 verdade\u0022, acrescenta. A advogada protesta contra a guerra e critica a \u0022comunidade pr\u00f3-Putin\u0022 em Fran\u00e7a. Por outro lado, elogia Paris pela cria\u00e7\u00e3o de mecanismos especiais de prote\u00e7\u00e3o dos refugiados ucranianos. Kutepova consegue compreender as \u0022coisas m\u00e1s\u0022 que os ucranianos pensam frequentemente sobre a comunidade russa. \u0022Mas a maioria dos russos n\u00e3o est\u00e1 preparada para ser acusada disso. Eles n\u00e3o s\u00e3o respons\u00e1veis pela situa\u00e7\u00e3o\u0022. Na opini\u00e3o da ativista, a Europa deveria fazer mais para integrar os russos que vivem dentro das suas fronteiras. \u0022A comunidade europeia deve estar mais atenta ao que os russos est\u00e3o a fazer, porque h\u00e1 sempre o perigo de aqueles que n\u00e3o falam a l\u00edngua local ou n\u00e3o compreendem a hist\u00f3ria e c\u00f3digos culturais locais serem facilmente capturados pela embaixada russa\u0022, alerta. ", "dateCreated": "2023-06-21T08:56:43+02:00", "dateModified": "2023-06-28T17:26:27+02:00", "datePublished": "2023-06-28T17:25:49+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F69%2F42%2F08%2F1440x810_cmsv2_8b838d36-54d9-5b1c-9fbb-b7013a3f29d3-7694208.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Manifestante segura cartaz numa pequena manifesta\u00e7\u00e3o contra a invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia pela R\u00fassia, em frente \u00e0 embaixada russa em Nairobi, no Qu\u00e9nia, em fevereiro de 2022.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F69%2F42%2F08%2F432x243_cmsv2_8b838d36-54d9-5b1c-9fbb-b7013a3f29d3-7694208.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Askew", "givenName": "Joshua", "name": "Joshua Askew", "url": "/perfis/2442", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@jweaskew", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue anglaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo", "Not\u00edcias da Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Estarão os europeus a discriminar os migrantes russos?

Manifestante segura cartaz numa pequena manifestação contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, em frente à embaixada russa em Nairobi, no Quénia, em fevereiro de 2022.
Manifestante segura cartaz numa pequena manifestação contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, em frente à embaixada russa em Nairobi, no Quénia, em fevereiro de 2022. Direitos de autor AP/Copyright 2022 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor AP/Copyright 2022 The AP. All rights reserved.
De Joshua Askew
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

"Quando as pessoas se apercebem que sou da Rússia, vejo a sua cara mudar", contou à Euronews um migrante russo que se mudou para a Lituânia no ano ado

PUBLICIDADE

"O meu sonho sempre foi mudar-me para a Europa", diz Ivan Sidorov, que não revela o nome verdadeiro por receio. Tem estatuto de imigrante e a família está na Rússia.

Surpreendido com a facilidade com que era possível entrar na União Europeia (UE), Sidorov, 31 anos, encontrou um emprego e mudou-se de São Petersburgo para a Lituânia em setembro ado.

Achou que o seu futuro era na Europa por causa da situação que se vive no seu país.

"O nosso presidente, governo, regime... não podemos mudar nada. Se tentarmos, arriscamo-nos a ir parar à prisão. Antes, pensava que tínhamos uma hipótese, mas apercebi-me que é inútil", conta à Euronews. "O domínio deles é demasiado forte".

Quando os tanques russos invadiram a Ucrânia em fevereiro de 2022, Sidorov participou em vários protestos contra a guerra em São Petersburgo. 

Embora tenha conseguido escapar a qualquer punição, milhares de russos foram detidos, espancados e presos pelas forças de segurança por se estarem a manifestar contra o governo.

"Não há nada que possamos fazer para alterar a situação"

Apesar de se opor ao Kremlin, Sidorov diz que a política lhe é implacavelmente imposta. "Antes de me mudar para cá, pensava que a existência de questões políticas entre pessoas comuns como eu, era um mito", ite. 

"Pensava que toda a gente compreendia que se tratava apenas de política e que aqueles que deixam a Rússia estão contra tudo isto, que não é escolha dos russos. Mas quando cheguei, fiquei surpreendido com a dificuldade das coisas".

Quando as pessoas se apercebem que sou da Rússia, vejo a sua cara mudar.
Ivan Sidorov (nome fictício)
Migrante russo na Lituânia

Os lituanos apoiam muito a Ucrânia. Muitos são severos em relação à Rússia, marcados por aquilo a que chamam ocupação, exploração e 'russificação' do seu país na altura da União Soviética.

Sidorov acredita que um "vírus psicológico" herdado da História coloca os russos como inimigos na mente das pessoas, mesmo que o russo com quem se cruzam não seja mau.

O migrante lembra-se de ocasiões em que outras pessoas foram agressivas, hostis ou o questionaram incansavelmente sobre a sua posição em relação à guerra, por vezes insultando-o ou dizendo piadas ofensivas.

"A verdade é que a maior parte da população russa não é política", sublinha. 

"A União Soviética eliminou toda a vontade de influenciar a política. Este regime disse às pessoas como deviam viver durante 70 anos e elas ficaram impotentes devido ao caráter autoritário".

Vílnius, em solidariedade com Kiev, implementou várias medidas restritivas para os cidadãos russos, suspendendo os vistos pouco depois da invasão e proibindo-os de comprar propriedades na Lituânia.

"Penso que estas políticas são um grande erro", critica Sidorov. "As pessoas que apoiam esta confusão ficam na Rússia. Todos os outros fogem e tentam fazer uma nova vida".

"Já temos problemas suficientes. Perdemos as nossas casas. Não podemos simplesmente voltar para a Rússia."

"A elite russa está a gozar a vida na Europa como se nada tivesse acontecido"

Mas nem toda a gente está de acordo. Em setembro ado, Benjamin Tallis, especialista em política e segurança internacional, disse à Euronews que a imposição de medidas duras aos cidadãos russos na UE era necessária para mostrar o quanto o bloco estava contra a agressão de Moscovo.

"É errado ver que a elite russa está a gozar a vida na Europa como se nada tivesse acontecido, enquanto os russos continuam a matar, torturar, violar e roubar a Ucrânia", realçou também a cientista política Kristi Raik na altura.

Apesar das restrições de viagem e de vistos impostas por uma grande parte dos países da UE à Rússia em 2022, mais de 600 mil cidadãos russos receberam vistos Schengen no ano ado.

Nadezda Kutepova, uma advogada e ativista russa dos direitos humanos, chegou a França como refugiada em 2015 e acredita que o país "faz o seu melhor".

A forma como é tratada pela sociedade ou pelo Estado ses não mudou desde o início da guerra, exceto os eternos "problemas da burocracia sa", revela à Euronews.

Mas Kutepova é severa com os seus compatriotas.

Os russos estão a vir para França, mas não querem participar em manifestações contra a guerra. Querem ter tudo e não fazer nada.
Nadezda Kutepova
Migrante russa em França

"Estou muito, muito zangada com isto. As pessoas não vão às manifestações porque pensam que a sua participação não é útil. Mas isso não é verdade", acrescenta.

A advogada protesta contra a guerra e critica a "comunidade pró-Putin" em França. Por outro lado, elogia Paris pela criação de mecanismos especiais de proteção dos refugiados ucranianos.

Kutepova consegue compreender as "coisas más" que os ucranianos pensam frequentemente sobre a comunidade russa. "Mas a maioria dos russos não está preparada para ser acusada disso. Eles não são responsáveis pela situação".

Na opinião da ativista, a Europa deveria fazer mais para integrar os russos que vivem dentro das suas fronteiras.

"A comunidade europeia deve estar mais atenta ao que os russos estão a fazer, porque há sempre o perigo de aqueles que não falam a língua local ou não compreendem a história e códigos culturais locais serem facilmente capturados pela embaixada russa", alerta.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Eleições europeias: Há urgência em desbloquear diretiva anti-discriminação?

Desafios que os requerentes de asilo enfrentam na Lituânia

Refugiados congoleses alegam discriminação em tempo de guerra