Dois irmãos britânicos e um conspirador tentaram matar um ex-criminoso condenado à mão armada, poucas semanas depois de terem roubado artefactos da dinastia Ming no valor de milhões de euros de um museu em Genebra.
Três homens do Reino Unido foram considerados culpados por conspiração e por homicídio, no caso que envolve um criminoso em série que escapou por pouco à morte, depois de ter sido baleado e ferido na sua própria casa em 2019.
Daniel Kelly e os irmãos Louis e Stewart Ahearne, os culpados do crime, foram condenados no em Londres, há dois dias, após um julgamento que se baseou em provas que estavam no cartão SIM de um iPad recuperado do rio Tamisa.
Os três homens tinham, semanas antes, encenado um grande roubo de arte, em que o plano seria roubar vários artefactos chineses do século XIV, no valor de mais de 3 milhões de euros, do Museu de Arte do Extremo Oriente, em Genebra, utilizando uma rebarbadora, uma marreta e um pé de cabra.
A acusação expõe também que os três homens planearam cuidadosamente o atentado do lutador de jaula Paul Allen, que há tinha cumprido uma pena de 18 anos após ser condenado por assalto à mão armada. Os três homens vigiaram-no durante semanas e colocaram-lhe um dispositivo de localização no seu carro para seguir os seus movimentos. O homem acabou por ser baleado através de uma janela da sua casa e ficou gravemente ferido, mas os médicos conseguiram salvar-lhe a vida com uma cirurgia de emergência.
Allen já tinha cumprido pena de prisão por ter participado no assalto à mão armada mais lucrativo da história do Reino Unido, um ataque de 2006 a uma instalação de segurança em Kent, que resultou no rapto de um gerente e da sua família e no roubo de 54 milhões de libras esterlinas (64,5 milhões de euros) por assaltantes munidos de AK-47.
Provas subaquáticas
O processo contra os três homens sobre o ataque a Allen baseou-se no depoimento de testemunhas, no ADN deixado no local do crime e em dados de reconhecimento de câmaras de vigilância e de matrículas de automóveis - bem como em dados de chamadas recuperados de um iPad que tinha sido atirado ao Tamisa a jusante da arena O2 de Londres.
Após ter recuperado cuidadosamente o cartão SIM do aparelho, a polícia conseguiu estabelecer que este estava ligado aos dispositivos GPS encontrados no carro dos homens. Os investigadores também conseguiram aceder a uma conta de correio eletrónico que continha detalhes de várias compras feitas na Amazon antes da tentativa de homicídio, incluindo os telemóveis que os homens utilizavam para comunicar.
O detetive superintendente da Polícia Metropolitana, Matt Webb, responsável pela investigação, afirmou que os homens poderão ser condenados a longas penas de prisão.
"O tribunal ouviu como os arguidos, criminosos organizados e experientes, agiram em conjunto de forma bem planeada e orquestrada para matar a vítima. Foi apenas graças à intervenção dos socorristas da polícia e dos profissionais médicos que a vítima não morreu", afirmou Webb.
"Este ataque pode parecer o enredo de um blockbuster de Hollywood, mas a realidade é bem diferente. Isto foi um crime horrível".
"O tribunal ouviu como esta foi uma tentativa clara e definida de tirar a vida de um homem, com os responsáveis fazendo esforços significativos para garantir que isso fosse bem-sucedido", concluiu.