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Mulheres e desporto: Um terreno escorregadio para a igualdade de género

Mulheres e desporto: Um terreno escorregadio para a igualdade de género
Direitos de autor DAMIEN ROSSO / DROZ PHOTO for Liv Cycling
Direitos de autor DAMIEN ROSSO / DROZ PHOTO for Liv Cycling
De Monica Pinna
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Num mundo ainda dominado pela discriminação e pelos estereótipos fazemos a avaliação da situação entre o progresso e as barreiras existentes em França.

Mulheres e desporto. Um terreno escorregadio para a igualdade de género, ainda dominado pela discriminação e pelos estereótipos. A avaliação da situação entre o progresso e as barreiras existentes em França nesta edição de Unreported Europe que coloca a primeira questão: será que as mulheres algum dia vão vencer a corrida pela igualdade no desporto

Desde o meu primeiro jogo, já ouvi coisas horríveis como "prostituta". Ou então que não é o meu lugar. O hóquei é um desporto masculino, volta para a cozinha!
CHARLOTTE GIRARD-FABRE
ANTIGA ÁRBITRA INTERNACIONAL DE HÓQUEI NO GELO
amos por um processo por incompetência logo à priori. Por sermos mulheres, à partida não somos competentes. Cabe a nós demonstrar que somos competentes. A questão não se coloca em relação a um homem.
BEATRICE BARBUSSE
Socióloga
A igualdade de género ainda é um obstáculo hoje. Apesar do bloqueio, queremos partir para um mini tour de França para conhecer os atletas que lutam para fazer a diferença na sua área.
MONICA PINNA
Euronews

Audrey Cordon-Ragot não pratica desporto apenas para vencer, mas também para promover a posição da mulher no ciclismo e explica que a discriminação está profundamente enraizada.

Hoje, como mulheres, continuamos a contratos amadores dentro da Federação sa de Ciclismo. Não é o caso dos homens que assinam contratos profissionais. Só pedimos reconhecimento pelo nosso verdadeiro valor e poder fazer do ciclismo a nossa profissão.
AUDREY CORDON – RAGOT
Antiga campeã de ciclismo

Audrey fundou uma associação para proteger os direitos das mulheres no ciclismo e escolheu competir por uma equipa não sa, Trek-Segafredo.

Competir por uma equipa americana, pelo menos ajuda na emancipação e talvez a ver as coisas de uma forma diferente do que se tivesse ficado em França. Todos sabemos que os países de língua inglesa são pioneiros em termos de igualdade de género. Fazer parte dessa equipa significa, de alguma forma, assumir a minha posição sobre o assunto e defendê-la ainda mais.
AUDREY CORDON–RAGOT
Antiga campeã de ciclismo

O sexismo no desporto pode variar desde a pressão psicológica sutil até à violência física. Aqueles que ousam falar abertamente correm o risco de serem colocados de parte. Algo que custou a Charlotte o emprego como árbitra internacional de hóquei no gelo. Hoje trabalha como árbitra nacional de andebol. Treina diariamente com o marido e colega árbitro Savice.

Quanto mais conquistava, mais difícil era de enfrentar a situação. Durante o treino, podia ser atingida violentamente com uma na cabeça ou podia ser empurrada para uma posição difícil. Tudo se concentrou no meu género novamente. Desde quais foram os serviços sexuais que fiz para ir aos Jogos Olímpicos, até à discriminação nos balneáreos onde ninguém falava comigo.
CHARLOTTE GIRARD-FABRE
Antiga árbitra de Hóquei no Gelo

Charlotte trabalhou como árbitra internacional de hóquei no gelo durante 10 anos, incluindo 7 no nível profissional masculino francês. Arbitrou seis campeonatos mundiais e dois Jogos Olímpicos.

Não fui eu quem decidiu o fim da minha carreira. Foi-me retirado este direito quando, nos Jogos Olímpicos de 2018, denunciei a discriminação da minha federação no lado desportivo e no lado istrativo da minha carreira. Denunciei discriminação, sexismo, agressão sexual contra outros árbitros e a partir desse momento começou o silêncio organizado contra mim. Disseram-me claramente que a vítima não era eu, era a instituição que eu estava a acusar.
CHARLOTTE GIRARD-FABRE
Antiga árbitra de Hóquei no Gelo

O desporte tem sido tradicionalmente algo masculino tanto em termos de participação quanto de tomada de decisão. A representação feminina nas federações desportivas da UE ronda os 14%. Estudos revelam que é necessário um mínimo de 30% para fazer a diferença. Beatrice Barbusse foi a primeira mulher sa a liderar um clube desportivo profissional masculino e agora é secretária-geral da Federação sa de Andebol. Não é uma tarefa fácil, como explica no seu livro “Sexismo no desporto”.

Percebi que em muitas ocasiões podíamos ser mal tratadas, desqualificadas, desacreditadas ou humilhadas, com o valor diminuído. As questões de género estão sempre presentes.
BEATRICE BARBUSSE
SOCIÓLOGA

A socióloga apoia a lei sa de 2014 que estabelece que as federações desportivas com pelo menos 25% de mulheres devem ter 40% de elementos do sexo feminino nos conselhos de istração.

A nossa viagem continuou até Paris, o coração da indústria da comunicação sa. Aqui os atletas podem ser transformados em celebridades ou cair no esquecimento.

Estudos internacionais revelam que os eventos desportivos femininos são responsáveis por 15% a 20% da cobertura mediática na Europa, sendo que a imprensa escrita é mais dominada pelos homens. Fomos conhecer o diretor do L'Equipe - um jornal desportivo e canal de TV privado francês.

É verdade que, se considerarmos os últimos 4-5 anos, cobrimos um pouco menos os eventos desportivos femininos, para além do futebol e dos desportos coletivos, porque hoje há menos campeãs femininas no desporto francês.
JéRÔME CAZADIEU
Diretor L’EQUIPE

Em agosto, o l'Equipe foi criticado pelo destaque dado ao Tour de e não à equipa feminina do Olympique Lyonnais que conquistou o quinto título consecutivo da Liga dos Campeões.

É uma questão de agenda noticiosa. Nós publicámos a história e ela chegou à primeira página, fizemos um grande destaque. Não acordo de manhã a dizer que tenho de ir em busca da igualdade entre o desporto masculino e feminino. O que torna o desporto feminino mais visível no final do dia é o desempenho das nossas equipas. Fomos criticados por não termos destacado a vitória das jogadoras do Olympique Lyonnais, mas o canal do serviço público também não transmitiu a partida.
JéRÔME CAZADIEU
Diretor L’EQUIPE

O esforço e a determinação começaram a dar frutos. A situação tem melhorado continuamente em todas as frentes, apesar das barreiras ainda existentes, como a diferença salarial. Claire luta desde 2015 por um Tour de feminino e isso vai acontecer. A corrida estará de volta em 2022. O seu projeto pessoal foi preponderante.

Para nós é uma conquista. Sabemos que será uma lufada de ar fresco para o ciclismo feminino em geral, pois haverá tanta visibilidade que, necessariamente, atrairá patrocinadores para as equipas. Isso vai permitir que as equipes se estruturem e que as ciclistas possam ser mais bem pagas e, a partir daí, é um círculo “virtuoso”.
CLAIRE FLORET
DONNONS DES ELLES AU VéLO J-1

As ciclistas femininas do projeto de Claire treinam a toda a força, apesar das restrições da Covid-19.

A ideia é democratizar também a prática, mostrar que seja qual for o nosso perfil atlético, temos o nosso lugar na bicicleta.
CLAIRE FLORET
"DONNONS DES ELLES AU VéLO J-1"

As mulheres perceberam que a união é fundamental para vencer a corrida pela igualdade no desporto. A criação de uma rede entre modalidades tornou-se fundamental para obter um campo de jogo equilibrado onde não há espaço para o sexismo.

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