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O estudo conclui que a Europa tem dois grandes desafios pela frente: encontrar uma alternativa para substituir a falta de g\u00e1s russo e conter a procura dom\u00e9stica para enfrentar a tempestade, econ\u00f3mica e socialmente. Simone Tagliapietra, um dos coautores do estudo, disse \u00e0 Euronews que a Europa pode estar a caminhar para um cen\u00e1rio parecido com o da crise do petr\u00f3leo dos anos 70. \u201cAlgumas instala\u00e7\u00f5es podem ter de operar num cronograma de produ\u00e7\u00e3o mais curto ou fechar por completo.\u0022 J\u00e1 os governos podem precisar estabelecer um plano de\u00a0 emerg\u00eancia para definir prioridades entre os recetores de g\u00e1s \u2013 por exemplo, para \u201caquecimento dom\u00e9stico ou para produ\u00e7\u00e3o de eletricidade\u201d para evitar apag\u00f5es. E se o fornecimento de g\u00e1s russo for interrompido nos pr\u00f3ximos meses? 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Que outras op\u00e7\u00f5es de abastecimento estariam dispon\u00edveis? Em princ\u00edpio, a infraestrutura existente permite volumes adicionais de importa\u00e7\u00e3o da Noruega e do norte de \u00c1frica bem como volumes adicionais de GNL . Juntos podem substituir as importa\u00e7\u00f5es atuais da R\u00fassia . Mas enquanto ter a infraestrutura \u00e9 uma coisa, ter o g\u00e1s \u00e9 outra. A Noruega j\u00e1 anunciou que est\u00e1 a entregar \u00e0 Uni\u00e3o Europeia o m\u00e1ximo poss\u00edvel e que os mercados globais de GNL est\u00e3o muito apertados. A\u00a0 Arg\u00e9lia disse algo semelhante. A produ\u00e7\u00e3o dom\u00e9stica de g\u00e1s da UE \u00e9 limitada, tanto nos Pa\u00edses Baixos como em outros lugares. Washington est\u00e1 atualmente a negociar com o Catar o fornecimento de g\u00e1s para a Europa . O Catar \u00e9 um dos maiores produtores mundiais de GNL . Escoa tr\u00eas quartos da sua produ\u00e7\u00e3o para os pa\u00edses asi\u00e1ticos e fornece cerca de 5% do g\u00e1s para a Europa . E se o fornecimento de g\u00e1s russo for interrompido durante v\u00e1rios anos? ar parte do inverno sem importa\u00e7\u00f5es russas de g\u00e1s pode ser dif\u00edcil, mas gerir a economia europeia durante v\u00e1rios anos sem g\u00e1s russo seria um enorme desafio. Embora haja mais tempo de prepara\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m h\u00e1 volumes muito maiores para deslocar. Em 2021, as exporta\u00e7\u00f5es russas de g\u00e1s natura l para a UE totalizaram cerca de 1700 TWh. Isso teria que ser substitu\u00eddo caso a R\u00fassia interrompesse completamente suas exporta\u00e7\u00f5es de g\u00e1s natural para a Europa . A UE tem capacidade de importa\u00e7\u00e3o sobresselente de cerca de 1800 TWh de fornecedores alternativos para a R\u00fassia . Isso poderia, teoricamente, permitir que a UE substitu\u00edsse, por completo, os fluxos russos. 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Euroviews. Se a Rússia deixar de fornecer gás à Europa qual é a resposta?

Se a Rússia deixar de fornecer gás à Europa qual é a resposta?
Direitos de autor Petr David Josek/The Associated Press
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Por causa da crise entre a Rússia e a Ucrânia o assunto é motivo de preocupação adicional no bloco comunitário

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O clima de tensão crescente entre o Ocidente e a Rússia por causa da Ucrânia fez soar os alarmes de preocupação sobre os fluxos de gás russo para a Europa, levando a Comissão Europeia e os EUA a analisar formas alternativas de abastecimento.

Numa declaração conjunta divulgada na semana ada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeram uma cooperação estreita em matéria de segurança energética.

Na sequência de uma reunião recente com os ministros da Energia da União Europeia (UE), em França, a comissária europeia com a pasta da Energia, Kadri Simson, disse que a UE está a dialogar com parceiros como o Azerbaijão sobre a possibilidade de aumentar o fornecimento de gás para o bloco comunitário.

Se, na pior das hipóteses, o gás russo deixar de chegar à Europa por completo, as medidas para substituir a oferta não serão suficientes, de acordo com um estudo do think tank Bruegel, com sede em Bruxelas, publicado na semana ada.

O estudo conclui que a Europa tem dois grandes desafios pela frente: encontrar uma alternativa para substituir a falta de gás russo e conter a procura doméstica para enfrentar a tempestade, económica e socialmente.

Simone Tagliapietra, um dos coautores do estudo, disse à Euronews que a Europa pode estar a caminhar para um cenário parecido com o da crise do petróleo dos anos 70.

“Algumas instalações podem ter de operar num cronograma de produção mais curto ou fechar por completo."

Já os governos podem precisar estabelecer um plano de emergência para definir prioridades entre os recetores de gás – por exemplo, para “aquecimento doméstico ou para produção de eletricidade” para evitar apagões.

E se o fornecimento de gás russo for interrompido nos próximos meses?

Há três cenários em cima da mesa:

- Se a Rússia e todos os outros fornecedores continuarem a fornecer gás nos níveis atuais, o armazenamento em toda a UE atingiria um mínimo de aproximadamente 320 terawatts-hora (TWh) em abril de 2022.

- Se a Rússia cortar o fornecimento de gás no início de fevereiro, o armazenamento atingiria um nível mínimo de 140 terawatts-hora (TWh) em abril de 2022.

- Se, além do corte de abastecimento de gás da Rússia, o tempo estiver extremamente frio, então o nível armazenamento em toda a UE estará vazio até o final de março de 2002.

Por isso, no curto prazo pelo menos, a UE provavelmente será capaz de sobreviver a uma interrupção dramática nas importações de gás provenientes da Rússia.

O sistema europeu de gasodutos consegue aguentar entregas adicionais de gás?

Sim e não. A Península Ibérica, por exemplo, é um hub para terminais de importação de GNL (Gás Natural Liquefeito: gás natural em estado líquido que foi arrefecido para facilitar a segurança de armazenamento e transporte).

Consequentemente, a região pode importar 40 terawatts-hora (TWh) por mês, mas só pode consumir apenas 30 terawatts-hora. O desafio é transportar o excesso de gás para o resto da Europa, já que os gasodutos existentes permitem uma transferência máxima de 5 terawatts-hora por mês.

Além disso, o sistema de gasodutos da Europa central e do leste foi concebido para levar as importações do leste aos consumidores finais.

Apesar do investimento em capacidades de fluxo reverso e novos gasodutos, se muito gás viesse do oeste, os gargalos de gasodutos poderiam impedir entregas suficientes para as partes mais orientais da UE ou da Ucrânia.

Que outras opções de abastecimento estariam disponíveis?

Em princípio, a infraestrutura existente permite volumes adicionais de importação da Noruega e do norte de África bem como volumes adicionais de GNL. Juntos podem substituir as importações atuais da Rússia. Mas enquanto ter a infraestrutura é uma coisa, ter o gás é outra.

A Noruega já anunciou que está a entregar à União Europeia o máximo possível e que os mercados globais de GNL estão muito apertados. A Argélia disse algo semelhante.

A produção doméstica de gás da UE é limitada, tanto nos Países Baixos como em outros lugares.

Washington está atualmente a negociar com o Catar o fornecimento de gás para a Europa.

O Catar é um dos maiores produtores mundiais de GNL. Escoa três quartos da sua produção para os países asiáticos e fornece cerca de 5% do gás para a Europa.

E se o fornecimento de gás russo for interrompido durante vários anos?

ar parte do inverno sem importações russas de gás pode ser difícil, mas gerir a economia europeia durante vários anos sem gás russo seria um enorme desafio. Embora haja mais tempo de preparação, também há volumes muito maiores para deslocar.

Em 2021, as exportações russas de gás natural para a UE totalizaram cerca de 1700 TWh. Isso teria que ser substituído caso a Rússia interrompesse completamente suas exportações de gás natural para a Europa.

A UE tem capacidade de importação sobresselente de cerca de 1800 TWh de fornecedores alternativos para a Rússia. Isso poderia, teoricamente, permitir que a UE substituísse, por completo, os fluxos russos.

Mas seria, na melhor das hipóteses, muito caro e, na pior das hipóteses, física e politicamente impossível.

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