{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/06/10/portugal-e-o-projeto-europeu" }, "headline": "Opini\u00e3o: Portugal e o projeto europeu", "description": "Um artigo de opini\u00e3o de An\u00edbal Cavaco Silva.", "articleBody": "Os 40 anos da do Tratado de Ades\u00e3o de Portugal \u00e0s Comunidades Europeias, a 12 de junho de 1985, s\u00e3o um bom mote para uma reflex\u00e3o sobre a forma como Portugal se transformou profundamente gra\u00e7as \u00e0 integra\u00e7\u00e3o europeia.Tive o privil\u00e9gio de liderar o Governo na primeira d\u00e9cada de integra\u00e7\u00e3o. Portugal \u00e9, inequivocamente, um benefici\u00e1rio da integra\u00e7\u00e3o europeia. Devemos assumi-lo sem hesita\u00e7\u00f5es e com orgulho. S\u00f3 quem n\u00e3o se lembra \u2013 por falta de mem\u00f3ria ou por n\u00e3o ter idade para se lembrar \u2013 ou quem pretenda enganar-se a si ou aos outros, pode ignorar a transforma\u00e7\u00e3o gigantesca que o pa\u00eds atravessou e o que isso significou para a qualidade de vida dos portugueses.Gra\u00e7as \u00e0s reformas que, nessa d\u00e9cada, foram levadas a cabo em Portugal \u2013 a revis\u00e3o constitucional de 1989, a reforma do sistema fiscal, a flexibiliza\u00e7\u00e3o da legisla\u00e7\u00e3o laboral, a redu\u00e7\u00e3o da estatiza\u00e7\u00e3o da economia portuguesa, a reforma do sistema educativo, a reforma da legisla\u00e7\u00e3o agr\u00e1ria e a reforma do sistema financeiro \u2013 foi poss\u00edvel aproveitar melhor as vantagens da perten\u00e7a a um mercado \u00fanico, com livre circula\u00e7\u00e3o de pessoas, de mercadorias, de servi\u00e7os e de capitais.Uma das li\u00e7\u00f5es destes 40 anos \u00e9 a de que conseguimos efetivamente transformar o pa\u00eds, as suas infraestruturas e a sua economia, gra\u00e7as \u00e0s reformas internas, resolvendo problemas que, de outra forma, impediriam que os fundos europeus fossem bem aproveitados e tivessem, na economia, um efeito multiplicador. A experi\u00eancia ada mostra-nos que somos capazes de fazer da nossa integra\u00e7\u00e3o um caso de sucesso, se formos reformistas, rigorosos, ambiciosos e evitarmos erros.A Uni\u00e3o Europeia foi fundamental para Portugal tamb\u00e9m nos anos mais recentes. Em primeiro lugar, permitiu-nos, em 2011, escapar \u00e0 bancarrota e apoiou o regresso de Portugal aos mercados financeiros e a uma rota de crescimento. Em segundo lugar, na altura da pandemia, permitiu uma recupera\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica muito mais c\u00e9lere do que teria acontecido se n\u00e3o pud\u00e9ssemos beneficiar dos mecanismos financeiros disponibilizados pelo Banco Central Europeu e dos apoios econ\u00f3micos europeus.A constru\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Econ\u00f3mica e Monet\u00e1ria (UEM) n\u00e3o tem paralelo na hist\u00f3ria, mas est\u00e1 por concluir. Como j\u00e1 referi no ado, foi um o de gigante no processo de integra\u00e7\u00e3o europeia, um marco na hist\u00f3ria europeia e mundial. A UEM est\u00e1, contudo por concluir. \u00c9 fundamental retomar o processo do seu aprofundamento para evitar que o projeto europeu caia numa \u201ceuroesclerose\u201d semelhante \u00e0 do final dos anos 1970. As institui\u00e7\u00f5es europeias n\u00e3o podem dar-se por satisfeitas com o que existe.A Uni\u00e3o Europeia que surgiu do Tratado de Maastricht posicionou-se como um ator chave na reconstru\u00e7\u00e3o da Europa depois da queda do Muro de Berlim. Isso resulta, em boa parte, por serem centrais ao projeto europeu a solidariedade e o pilar da coes\u00e3o econ\u00f3mica e social, pelo qual Portugal muito se bateu na negocia\u00e7\u00e3o do Tratado. Esta circunst\u00e2ncia permite antever um papel fulcral no que ser\u00e1 a reconstru\u00e7\u00e3o da Ucr\u00e2nia no futuro.Numa conjuntura internacional imprevis\u00edvel do ponto de vista militar e do ponto de vista econ\u00f3mico, a Uni\u00e3o Europeia \u00e9 chamada a desempenhar um papel ativo na salvaguarda do modo de vida europeu, da democracia liberal e dos valores humanistas que s\u00e3o timbre desta grande constru\u00e7\u00e3o. Portugal tem muitas boas raz\u00f5es para celebrar a ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia e ao seu n\u00facleo duro, a Zona Euro.", "dateCreated": "2025-06-10T10:23:18+02:00", "dateModified": "2025-06-10T16:00:17+02:00", "datePublished": "2025-06-10T15:00:47+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F32%2F19%2F96%2F1440x810_cmsv2_59770b37-12e1-50b4-9360-35d8c72fafb2-9321996.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "An\u00edbal Cavaco Silva no Pal\u00e1cio de Bel\u00e9m em 2015.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F32%2F19%2F96%2F432x243_cmsv2_59770b37-12e1-50b4-9360-35d8c72fafb2-9321996.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Not\u00edcias da Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Opinião: Portugal e o projeto europeu

Aníbal Cavaco Silva no Palácio de Belém em 2015.
Aníbal Cavaco Silva no Palácio de Belém em 2015. Direitos de autor Armando Franca/AP
Direitos de autor Armando Franca/AP
De Aníbal Cavaco Silva
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Um artigo de opinião de Aníbal Cavaco Silva.

PUBLICIDADE

Os 40 anos da do Tratado de Adesão de Portugal às Comunidades Europeias, a 12 de junho de 1985, são um bom mote para uma reflexão sobre a forma como Portugal se transformou profundamente graças à integração europeia.

Tive o privilégio de liderar o Governo na primeira década de integração. Portugal é, inequivocamente, um beneficiário da integração europeia. Devemos assumi-lo sem hesitações e com orgulho. Só quem não se lembra – por falta de memória ou por não ter idade para se lembrar – ou quem pretenda enganar-se a si ou aos outros, pode ignorar a transformação gigantesca que o país atravessou e o que isso significou para a qualidade de vida dos portugueses.

Graças às reformas que, nessa década, foram levadas a cabo em Portugal – a revisão constitucional de 1989, a reforma do sistema fiscal, a flexibilização da legislação laboral, a redução da estatização da economia portuguesa, a reforma do sistema educativo, a reforma da legislação agrária e a reforma do sistema financeiro – foi possível aproveitar melhor as vantagens da pertença a um mercado único, com livre circulação de pessoas, de mercadorias, de serviços e de capitais.

Uma das lições destes 40 anos é a de que conseguimos efetivamente transformar o país, as suas infraestruturas e a sua economia, graças às reformas internas, resolvendo problemas que, de outra forma, impediriam que os fundos europeus fossem bem aproveitados e tivessem, na economia, um efeito multiplicador. A experiência ada mostra-nos que somos capazes de fazer da nossa integração um caso de sucesso, se formos reformistas, rigorosos, ambiciosos e evitarmos erros.

A União Europeia foi fundamental para Portugal também nos anos mais recentes. Em primeiro lugar, permitiu-nos, em 2011, escapar à bancarrota e apoiou o regresso de Portugal aos mercados financeiros e a uma rota de crescimento. Em segundo lugar, na altura da pandemia, permitiu uma recuperação económica muito mais célere do que teria acontecido se não pudéssemos beneficiar dos mecanismos financeiros disponibilizados pelo Banco Central Europeu e dos apoios económicos europeus.

A construção da União Económica e Monetária (UEM) não tem paralelo na história, mas está por concluir. Como já referi no ado, foi um o de gigante no processo de integração europeia, um marco na história europeia e mundial. A UEM está, contudo por concluir. É fundamental retomar o processo do seu aprofundamento para evitar que o projeto europeu caia numa “euroesclerose” semelhante à do final dos anos 1970. As instituições europeias não podem dar-se por satisfeitas com o que existe.

A União Europeia que surgiu do Tratado de Maastricht posicionou-se como um ator chave na reconstrução da Europa depois da queda do Muro de Berlim. Isso resulta, em boa parte, por serem centrais ao projeto europeu a solidariedade e o pilar da coesão económica e social, pelo qual Portugal muito se bateu na negociação do Tratado. Esta circunstância permite antever um papel fulcral no que será a reconstrução da Ucrânia no futuro.

Numa conjuntura internacional imprevisível do ponto de vista militar e do ponto de vista económico, a União Europeia é chamada a desempenhar um papel ativo na salvaguarda do modo de vida europeu, da democracia liberal e dos valores humanistas que são timbre desta grande construção. Portugal tem muitas boas razões para celebrar a adesão à União Europeia e ao seu núcleo duro, a Zona Euro.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Conseguirá a UE reavivar os processos de alargamento estagnados?

Alargamento será baseado no mérito, garante Comissária europeia

Estes países poderão pagar uma fatura mais elevada em caso de alargamento da UE