{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/06/12/ongs-contestam-apoio-da-comissao-europeia-a-extracao-de-litio-no-barroso" }, "headline": "ONGs contestam apoio da Comiss\u00e3o Europeia \u00e0 extra\u00e7\u00e3o de l\u00edtio no Barroso", "description": "Tr\u00eas ONGs apresentaram uma queixa contra a decis\u00e3o da Comiss\u00e3o Europeia de conceder um estatuto preferencial ao projeto de l\u00edtio da Mina do Barroso, no Norte de Portugal.", "articleBody": "Tr\u00eas organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o-governamentais (ONG) pediram \u00e0 Comiss\u00e3o Europeia que reavalie a decis\u00e3o de classificar a mina de l\u00edtio a c\u00e9u aberto, em Boticas, como projeto estrat\u00e9gico, considerando que \u0022n\u00e3o avaliou corretamente\u0022 os riscos ambientais e sociais.A associa\u00e7\u00e3o Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), a MiningWatch Portugal e a ClientEarth defendem, em comunicado enviado \u00e0s reda\u00e7\u00f5es esta quinta-feira, que a Comiss\u00e3o Europeia \u0022n\u00e3o avaliou corretamente\u0022 os riscos ambientais e sociais da mina do Barroso antes de, em mar\u00e7o, lhe conceder um \u0022estatuto preferencial\u0022 ao abrigo do Regulamento das Mat\u00e9rias-Primas Cr\u00edticas.\u0022Isto acontece apesar de provas de que o projeto pode amea\u00e7ar os recursos h\u00eddricos locais, prejudicar a biodiversidade e impactar as pr\u00e1ticas agr\u00edcolas que sustentam a comunidade de Covas do Barroso\u0022, denunciam no comunicado.A mina de l\u00edtio, proposta pela Savannah para Covas do Barroso, em Boticas, distrito de Vila Real, obteve uma Declara\u00e7\u00e3o de Impacte Ambiental (DIA) condicionada em 2023 e a empresa prev\u00ea iniciar a explora\u00e7\u00e3o em 2027, apesar da oposi\u00e7\u00e3o de comunidades locais e especialistas.\u0022Esta mina representa uma s\u00e9ria amea\u00e7a a um ecossistema fr\u00e1gil e a uma regi\u00e3o com uma heran\u00e7a cultural \u00fanica. 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ONGs contestam apoio da Comissão Europeia à extração de lítio no Barroso

Residentes de Covas do Barroso há muito que denunciam riscos ambientais e sociais do projeto da Savannah Resources
Residentes de Covas do Barroso há muito que denunciam riscos ambientais e sociais do projeto da Savannah Resources Direitos de autor DR
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De Joana Mourão Carvalho
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Três ONGs apresentaram uma queixa contra a decisão da Comissão Europeia de conceder um estatuto preferencial ao projeto de lítio da Mina do Barroso, no Norte de Portugal.

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Três organizações não-governamentais (ONG) pediram à Comissão Europeia que reavalie a decisão de classificar a mina de lítio a céu aberto, em Boticas, como projeto estratégico, considerando que "não avaliou corretamente" os riscos ambientais e sociais.

A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), a MiningWatch Portugal e a ClientEarth defendem, em comunicado enviado às redações esta quinta-feira, que a Comissão Europeia "não avaliou corretamente" os riscos ambientais e sociais da mina do Barroso antes de, em março, lhe conceder um "estatuto preferencial" ao abrigo do Regulamento das Matérias-Primas Críticas.

"Isto acontece apesar de provas de que o projeto pode ameaçar os recursos hídricos locais, prejudicar a biodiversidade e impactar as práticas agrícolas que sustentam a comunidade de Covas do Barroso", denunciam no comunicado.

A mina de lítio, proposta pela Savannah para Covas do Barroso, em Boticas, distrito de Vila Real, obteve uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) condicionada em 2023 e a empresa prevê iniciar a exploração em 2027, apesar da oposição de comunidades locais e especialistas.

"Esta mina representa uma séria ameaça a um ecossistema frágil e a uma região com uma herança cultural única. E a comunidade que aqui vive tem manifestado consistentemente a sua oposição. A Comissão Europeia não pode permitir que a transição verde seja construída com base em danos ambientais e injustiça social", afirma Ilze Tralmaka, advogada da ClientEarth, citada no comunicado.

Entre as principais preocupações reveladas pelas ONGs sobre o projeto está "o design inseguro de armazenamento de rejeitos do projeto, que segundo provas apresentadas por especialistas, poderá resultar num colapso catastrófico durante períodos de chuva intensa, contaminando o sistema do rio Douro", bem como as fontes de água propostas para a mina que "foram consideradas inviáveis, e a aprovação do local não cumpre as condições ambientais necessárias".

"Classificar este projeto como 'estratégico' serve apenas para justificar a degradação ambiental e os prejuízos para as comunidades locais, ignorando a incerteza económica do lítio e a contínua incapacidade da Europa em desenvolver uma cadeia de valor coerente para baterias", acrescentou Nik Völker, da MiningWatch Portugal.

Para o ambientalista, "transformar as periferias europeias em zonas de sacrifício, sem planeamento claro, imparcialidade ou responsabilização na execução da transição verde" abre um "precedente perigoso".

No comunicado lê-se que os residentes locais há muito alertam que o projeto põe em risco não só as suas terras, mas também os seus meios de subsistência. "As pessoas aqui dependem de água limpa de nascentes e rios: para beber, para a agricultura e para o gado. Se essa água se tornar escassa ou contaminada, o nosso modo de vida fica em risco. Para quê? Para alguns anos de lítio trocados por mais carros e um novo tipo de poluição", denuncia Catarina Alves, da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso.

Os grupos argumentam ainda que "substituir os carros a combustão por elétricos, sem repensar o sistema de mobilidade como um todo, é uma solução falsa".

"Sustentabilidade real significa priorizar o transporte público, inverter a tendência de compra de carros maiores e SUVs, investir na reciclagem e, assim, reduzir a necessidade de nova mineração – ao mesmo tempo que se apoia, e não se marginaliza, as comunidades rurais", refere também Catarina Alves.

As ONG pedem a Bruxelas que reavalie a sua decisão e apelam a que "adote um processo rigoroso, baseado em evidências, que verifique de forma independente as alegações dos promotores e priorize projetos que realmente estejam alinhados com os objetivos de sustentabilidade da Europa".

As organizações ambientalistas têm o direito de pedir às instituições e organismos da UE – neste caso à Comissão Europeia – a revisão de uma decisão por alegada violação da legislação ambiental europeia.

A Comissão deve responder oficialmente a este pedido de revisão interna no prazo de 16 semanas, prazo que pode ser prorrogado até 22 semanas. Se os requerentes considerarem que a resposta da Comissão não resolve a infração legal, podem processar a Comissão no Tribunal de Justiça da União Europeia.

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