Na União Europeia, investigadores estão a testar novas soluções tecnológicas em busca da simbiose perfeita entre humanos e máquinas. O objetivo é aumentar a competitividade do setor industrial. #Futuris
A Europa quer pôr a Inteligência Artificial (IA) ao serviço da competitividade do setor industrial e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores. Em busca de uma indústria 4.0, investigadores europeus conceberam e instalaram diferentes soluções tecnológicas experimentais, algumas das quais a ser já testadas em empresas na Finlândia.
Em Seinäjoki, a empresa metalúrgica Prima Power está a experimentar duas das soluções do projeto Factory2Fit da União Europeia.
O projeto, avaliado em quatro milhões de euros, explorou novas formas de trabalho entre pessoas e máquinas.
O objetivo do Centro de Investigação Técnica VTT é dar enfoque às pessoas, que, conforme explica a cientista Eija Kaasinen, "podem participar na concepção do seu ambiente de trabalho e da forma como o trabalho é organizado e também dar-lhes formas de partilhar os seus conhecimentos práticos, muitas vezes tácitos e não tão visíveis".
Em todo o mundo, a inteligência artificial, a automatização e a robótica estão a transformar a produção, como parte da quarta revolução industrial.
Eija Kaasinen defende que continua a haver "elementos manuais" no trabalho, no entanto, alerta para as alterações rumo a um "trabalho do conhecimento", o que, nas suas palavras, significa que, cada vez mais, vamos "trabalhar com as contrapartidas virtuais das coisas físicas no mundo físico".
A solução de pré-formação utiliza modelos 3D e tutoriais guardados em nuvem. A partilha de conhecimento é uma forma de aproveitar ao máximo toda a experiência acumulada por um trabalhador enquanto opera máquinas complexas, especialmente quando algo falha.
Como exemplo, a designer de soluções de software Maria Kreposna, dá uma situação recorrente de alarme numa fábrica.
"O operador pode abrir a caixa de diálogo para obter informações adicionais sobre a situação. Isto é feito através da partilha de texto adicional, descrição, imagens ou vídeos, para que, no futuro, sempre que haja um alarme com o mesmo código, o operador possa aprender não só as soluções padrão, mas também outras razões possíveis e como evitar que este alarme aconteça no futuro".
Pulseira avalia bem-estar dos trabalhadores
Em Keuruu, funcionários da empresa Elekmerk testaram o " de do Trabalhador", uma ferramenta de monitorização biométrica e uma aplicação móvel.
A tecnologia regista as metas de trabalho alcançadas e dados do trabalhador, como o sono, ou o número de os por dia, e mostra como os dois podem ser interligados.
"Quando entrevistámos os trabalhadores da fábrica durante o projeto, ouvimos dizer que muitas vezes eles tinham um negativo quando algo não corria bem, por isso queríamos desenvolver uma aplicação que também lhes desse um positivo do seu trabalho e das suas realizações", conta a investigadora Päivi Heikkilä, do Centro de Investigação Técnica VTT da Finlândia.
Ville Vuorela foi um dos cinco trabalhadores que participaram no projeto-piloto e usaram a pulseira durante 3 meses. Hoje faz uma avaliação positiva da experiência.
"Fiquei surpreendido ao ver como dormir bem influenciou o meu desempenho profissional. Além das atividades de lazer, dormir foi realmente importante para o meu desempenho geral no trabalho".
No entanto, de todas as soluções, esta acabou por ser a mais controversa, devido a receios de uma má utilização dos dados dos trabalhadores.
A ética, garantem os investigadores, é sempre tida em conta em todos os projetos. Para salvaguardar a privacidade dos funcionários, os dados recolhidos são mantidos num servidor separado, e não no sistema da fábrica.
Agora, os investigadores esperam que pelo menos algumas das soluções testadas estejam comercialmente disponíveis até ao final de 2020.