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Dois juízes ligados a execuções em massa mortos a tiro no Irão

Foto de 18 de fevereiro de 2012, divulgada pela Agência de Notícias dos Estudantes Iranianos, ISNA, Mahafarid Amir Khosravi fala durante o seu julgamento num tribunal
Foto de 18 de fevereiro de 2012, divulgada pela Agência de Notícias dos Estudantes Iranianos, ISNA, Mahafarid Amir Khosravi fala durante o seu julgamento num tribunal Direitos de autor Hamid Foroutan/AP
Direitos de autor Hamid Foroutan/AP
De Daniel Bellamy com AP
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Os dois juristas foram apontados por ativistas e exilados por terem participado na execução de milhares de prisioneiros políticos em 1988, por ordem do líder supremo do Irão.

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Segundo as autoridades iranianas, um homem matou a tiro dois proeminentes juízes da linha dura do governo, no sábado, tendo ambos alegadamente participado na execução em massa de prisioneiros políticos em 1988.

Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelos disparos contra os juízes, os clérigos Mohammad Mogheiseh e Ali Razini. No entanto, o envolvimento de Razini nas execuções de 1988 fez dele um alvo no ado, tendo sido alvo de uma tentativa de assassínio, em 1999.

As mortes, um raro ataque contra o poder judicial, ocorrem num momento em que o Irão enfrenta uma crise económica, o massacre dos seus aliados do Médio Oriente por Israel e o regresso de Donald Trump à Casa Branca, na segunda-feira.

Ambos os juristas faziam parte do Supremo Tribunal do Irão, segundo a agência noticiosa estatal IRNA. Um guarda-costas de um dos juízes também ficou ferido no ataque no Palácio da Justiça em Teerão, que também serve de sede do poder judicial do país e que normalmente tem uma segurança apertada.

O assassino, armado com uma pistola, suicidou-se logo após o atentado, disse a IRNA.

“De acordo com as primeiras investigações, a pessoa em questão não tinha um processo no Supremo Tribunal nem era cliente das secções do tribunal”, afirmou a agência noticiosa Mizan do sistema judicial. “Atualmente, foram iniciadas investigações para identificar e prender os autores deste ato terrorista”.

Asghar Jahangir, porta-voz do poder judicial iraniano, disse separadamente à televisão estatal iraniana que o atirador era um “infiltrado”, sugerindo que tinha trabalhado no tribunal onde ocorreram os assassinatos.

Ao contrário do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, o Supremo Tribunal do Irão tem muitas secções espalhadas pelo país. É o mais alto tribunal do Irão e pode apreciar recursos de decisões tomadas por tribunais inferiores.

Razini já tinha sido alvo de ataques anteriores.

Em janeiro de 1999, atacantes em motociclos lançaram um explosivo contra o seu veículo, ferindo-o quando saía do seu trabalho como chefe da magistratura em Teerão.

Outro juiz, Masoud Moqadasi, foi morto a tiro em Teerão em agosto de 2005. Na altura, um porta-voz do sistema judicial afirmou que ele estava a julgar o caso de um jornalista proeminente.

Mogheiseh estava sob sanções do Tesouro dos EUA desde 2019.

Na altura, o Tesouro descreveu-o como tendo “supervisionado inúmeros julgamentos injustos, durante os quais as acusações não foram fundamentadas e as provas foram ignoradas”.

“É conhecido por ter condenado dezenas de jornalistas e utilizadores da Internet a longas penas de prisão”, declarou o Tesouro. Mogheiseh tinha apresentado queixa contra membros da minoria Baha'i do Irão “depois de, alegadamente, terem realizado cerimónias de oração e culto com outros membros”, afirmou o Tesouro.

Um antigo cartoonista irano-canadiano publicou no X que Moghgesieh o tinha condenado a quatro anos de prisão por ter satirizado dois dos líderes supremos do Irão.

Ambos os homens tinham sido apontados por ativistas e exilados como tendo participado nas execuções de 1988, que ocorreram no final da longa guerra do Irão com o Iraque.

Depois de o então líder supremo do Irão, Ruhollah Khomeini, ter aceite um cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas, membros do grupo de oposição iraniano exilado, Mujahedeen-e-Khalq, ou MEK, (fortemente armado por Saddam Hussein), atravessaram a fronteira iraniana num ataque surpresa.

O Irão acabou por neutralizar o seu ataque, mas este preparou o terreno para os falsos julgamentos de prisioneiros políticos, militantes e outros que viriam a ser conhecidos como “comissões de morte”.

Irão executou milhares de presos políticos, segundo ativistas

Os grupos internacionais de defesa dos direitos humanos estimam que tenham sido executadas cerca de 5.000 pessoas, enquanto o MEK estima que tenham sido 30.000. O Irão nunca reconheceu totalmente as execuções, aparentemente levadas a cabo sob as ordens de Khomeini, embora haja quem defenda que outros altos funcionários estavam efetivamente no comando nos meses que antecederam a sua morte em 1989.

O MEK não teceu qualquer comentário sobre o assunto, após um pedido efetuado.

Enquanto Mogheiseh nunca abordou a acusação de ter participado nas “comissões de morte” de 1988, Razini deu uma entrevista em 2017 publicada pelo jornal Shargh do Irão, na qual defendeu os painéis como “justos e completamente de acordo com a lei”.

“Os nossos amigos e eu, que estamos entre os 20 juízes do país, fizemos o nosso melhor para garantir a segurança nessa altura e nos anos seguintes e, a partir daí, garantimos que os hipócritas (o MEK) nunca mais se tornariam poderosos neste país”, terá dito.

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