{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2024/05/31/irlanda-reconhece-palestina-para-manter-viva-a-esperanca-diz-primeiro-ministro-irlandes" }, "headline": "Irlanda reconhece Palestina para \u0022manter viva a esperan\u00e7a\u0022, diz primeiro-ministro irland\u00eas", "description": "A Euronews falou com o primeiro-ministro irland\u00eas, Simon Harris, sobre a recente decis\u00e3o do pa\u00eds de reconhecer o Estado da Palestina.", "articleBody": "Euronews: \u201cDiga-nos, porqu\u00ea o reconhecimento da Palestina?\u0022Simon Harris: \u201cMuito francamente, porque temos de manter viva a esperan\u00e7a e o sonho de uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados, numa altura em que, infelizmente, outros est\u00e3o a trabalhar para a minar. Acreditamos, e a Irlanda acredita h\u00e1 muitos anos, que a forma de trazer paz e estabilidade ao M\u00e9dio Oriente \u00e9 o reconhecimento de uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados. \u00c9 muito dif\u00edcil conseguir uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados sem reconhecer a exist\u00eancia de dois Estados. A Irlanda teria preferido que isso fizesse parte de um processo de paz. Era a inten\u00e7\u00e3o inicial do nosso programa de governo. Mas n\u00e3o podemos esperar para sempre e j\u00e1 aram muitas d\u00e9cadas, desde os Acordos de Oslo. Agora, mais do que nunca, temos de defender abertamente a import\u00e2ncia de uma solu\u00e7\u00e3o que envolva dois Estados, porque, em \u00faltima an\u00e1lise, \u00e9 isso que proporcionar\u00e1 ao povo de Israel, ao povo da Palestina e a toda a regi\u00e3o a estabilidade e a paz que tanto os israelitas como os palestinianos merecem. Trabalh\u00e1mos intensamente com os nossos hom\u00f3logos europeus. Avan\u00e7\u00e1mos em sintonia com a Noruega e com a Espanha. Espero que nas pr\u00f3ximas semanas outros pa\u00edses europeus tamb\u00e9m reconhe\u00e7am a Palestina\u201d.Euronews: \u201cQuando diz que outros est\u00e3o a tentar minar este processo, de quem est\u00e1 a falar?\u201dSimon Harris: \u201cN\u00e3o creio que o governo de Netanyahu esteja, de alguma forma, empenhado em conseguir uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados. Ouvimos muita ret\u00f3rica e coment\u00e1rios sonbre isso. Tem havido um consenso generalizado, ao longo de muitos e muitos anos, sobre a necessidade de uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados. Penso que nas \u00faltimas semanas, nos \u00faltimos meses, temos assistido a muitos esfor\u00e7os para acabar com essa esperan\u00e7a. Tom\u00e1mos a decis\u00e3o de reconhecer a Palestina por ser a decis\u00e3o mais adequada. Mas estou muito consciente de que a decis\u00e3o foi tomada numa altura em que h\u00e1 uma cat\u00e1strofe humanit\u00e1ria inconceb\u00edvel a desenrolar-se em tempo real em Gaza, uma escala de cat\u00e1strofe humanit\u00e1ria que penso que ainda nem sequer compreendemos. Por isso, \u00e9 muito importante dar poder \u00e0s vozes moderadas, tanto na Palestina como em Israel, porque h\u00e1 muita ret\u00f3rica, h\u00e1 muita deturpa\u00e7\u00e3o intencional do que a Irlanda e outros est\u00e3o a fazer ao reconhecer a Palestina. N\u00e3o se trata do Hamas. Abominamos o Hamas. \u00c9 uma organiza\u00e7\u00e3o terrorista. N\u00e3o oferecem nada ao povo palestiniano em termos de futuro. S\u00e3o um perigo e uma amea\u00e7a para os israelitas e para o povo palestiniano. O que aconteceu no dia 7 de outubro foi um massacre terrorista desprez\u00edvel e repugnante. Todos os ref\u00e9ns deveriam ser libertados incondicionalmente. Mas os irlandeses sabem melhor do que a maioria das pessoas o que \u00e9 ter uma organiza\u00e7\u00e3o terrorista que, de muitas maneiras, sequestra a nossa identidade. O Hamas n\u00e3o \u00e9 a Palestina, e n\u00f3s sabemos distinguir as duas coisas\u201d.Euronews: \u201cMas, os israelitas dizem que essa decis\u00e3o reconforta o Hamas, porque surge em resposta, \u00e9 o que eles dizem, ao ataque de 7 de outubro\u0022.Simon Harris: \u201cE n\u00f3s, obviamente, n\u00e3o aceitamos isso de todo. Creio que reconhecemos plenamente o Estado de Israel. Reconhecemos o seu direito a viver em paz e seguran\u00e7a, e \u00e9 perfeitamente aceit\u00e1vel diz\u00ea-lo e dizer tamb\u00e9m que existe um Estado da Palestina e que reconhecemos a sua necessidade de viver em paz e seguran\u00e7a. Temos de tentar quebrar os ciclos geracionais de ressentimento, de \u00f3dio, de retalia\u00e7\u00e3o, de morte, de mis\u00e9ria e de medo. E a forma de o fazer \u00e9 reconhecer muito claramente que \u00e9 necess\u00e1rio um processo de paz pol\u00edtico, que tem de reconhecer a exist\u00eancia de dois Estados. Dizemos aos nossos amigos em Israel, ao povo israelita que n\u00e3o pode ser definido pelas decis\u00f5es da lideran\u00e7a do seu governo, que queremos que possam viver em paz e seguran\u00e7a. E creio que h\u00e1 muitas pessoas em Israel e na Palestina, muitos pais em ambos os Estados, que querem que os seus filhos possam crescer, num pa\u00eds e numa regi\u00e3o, seguros e protegidos. E \u00e9 isso que estamos a tentar ajudar a concretizar, so dizermos, juntamente com outros pa\u00edses, que acreditamos que h\u00e1 uma forma pol\u00edtica de fazer avan\u00e7ar esta quest\u00e3o, e essa \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados\u0022.Euronews : \u201cQual \u00e9 a sua rea\u00e7\u00e3o ao facto de alguns pa\u00edses da UE e os aliados da Irlanda, os Estados Unidos, criticarem o Tribunal Internacional de Justi\u00e7a e o Tribunal Penal Internacional por algumas das cr\u00edticas e pelos processos contra Israel e o Hamas?\u0022Simon Harris : \u201cReconhe\u00e7o o direito de qualquer pa\u00eds a expressar as suas opini\u00f5es sobre qualquer assunto. De uma perspetiva irlandesa, penso que \u00e9 muito importante respeitarmos a independ\u00eancia destas estruturas judiciais internacionais. Penso que servem bem o mundo. Considero que s\u00e3o importantes. E n\u00e3o quero fazer qualquer tipo de coment\u00e1rio sobre a independ\u00eancia das decis\u00f5es que eles tomam e que, de facto, t\u00eam de tomar nos pr\u00f3ximos dias, semanas e meses.Euronews: \u201cMas n\u00e3o mostra que existem divis\u00f5es profundas na Uni\u00e3o Europeia e potencialmente enfraquece a europa no palco global, onde fomos capazes de mostrar uma posi\u00e7\u00e3o coesa durante muito tempo sobre a situa\u00e7\u00e3o em Gaza?\u0022Simon Harris: \u201enso que \u00e9 realmente lament\u00e1vel. Quero dizer, compreendo o contexto e compreendo as perspetivas que os diferentes pa\u00edses trazem para a mesa, mesmo que discorde fundamentalmente de algumas delas. Mas penso que tivemos um momento importante em abril, quando, no Conselho Europeu, o primeiro Conselho Europeu a que tive a honra de assistir, como Taoiseach, cheg\u00e1mos a conclus\u00f5es que apelavam a um cessar-fogo imediato e que se afastaram de frases como \u201ausa humanit\u00e1ria\u201d. Por isso, acredito agora que a posi\u00e7\u00e3o irlandesa, que visa um cessar-fogo imediato, assegurar que a ajuda humanit\u00e1ria possa fluir e iniciar um processo pol\u00edtico, est\u00e1 a tornar-se rapidamente a opini\u00e3o dominante na Europa. Mas tamb\u00e9m temos de ser honestos, tem havido uma variedade de opini\u00f5es nas mesas europeias sobre este assunto\u0022. Euronews: \u201cMas acredita que a UE fez o suficiente para defender o direito internacional? A UE \u00e9 um sistema baseado em regras. E vemos, por exemplo, funcion\u00e1rios da Uni\u00e3o Europeia a pedir \u00e0 Comiss\u00e3o que fa\u00e7a mais para criticar o que est\u00e1 a acontecer em Gaza, tal como criticam o que est\u00e1 a acontecer na R\u00fassia e na Ucr\u00e2nia\u201d. Simon Harris: \u201cAcredito que se pode e deve fazer mais, e exprimo-o em todas as oportunidades poss\u00edveis com os hom\u00f3logos europeus, com a presidente da Comiss\u00e3o, no Conselho Europeu. E refiro-me em particular aos acordos de associa\u00e7\u00e3o entre a Uni\u00e3o Europeia e Israel, que t\u00eam cl\u00e1usulas sobre direitos humanos. E estas n\u00e3o foram introduzidas para tornar o documento mais extenso ou preencher espa\u00e7o. T\u00eam um efeito real, s\u00e3o palavras reais e significativas. E fazem parte de um acordo entre Israel e a Uni\u00e3o Europeia. Para ser franco, n\u00e3o percebo por que raz\u00e3o n\u00e3o se procedeu \u00e0 revis\u00e3o do acordo, pedindo simplesmente que este fosse revisto do ponto de vista dos direitos humanos. Penso que \u00e9 lament\u00e1vel, e continuarei a defender todos os dias, em nome da Irlanda, que isso aconte\u00e7a. O meu antecessor e Primeiro-Ministro de Espanha, Pedro Sanchez, assinou uma carta com esse objetivo. E essa carta continua a ser a posi\u00e7\u00e3o da Irlanda atualmente\u0022. Euronews : \u201cMas \u00e9 claro que alguns Estados-Membros diriam que, de uma perspetiva hist\u00f3rica, n\u00e3o se sentem confort\u00e1veis a criticar Israel, em particular a Alemanha, obviamente\u0022. Simon Harris: \u201or isso, penso que temos de ter muito cuidado para n\u00e3o dizermos que o que est\u00e1 em causa \u00e9 o direito internacional e os direitos humanos, e essa \u00e9 a perspetiva irlandesa. E muitas vezes \u00e9 deturpada, acidental ou intencionalmente. N\u00e3o se trata de ser pr\u00f3-israelita ou pr\u00f3-palestiniano. Trata-se de ser a favor do direito internacional. Tem a ver com ser a favor dos direitos humanos. Trata-se de ser a favor da paz. E penso que o que est\u00e1 a acontecer em Gaza \u00e9 inaceit\u00e1vel. E haver\u00e1 um momento no futuro em que os vossos filhos, netos e bisnetos perguntar\u00e3o: \u201cO que \u00e9 que voc\u00eas fizeram? O que \u00e9 que voc\u00eas fizeram? Fizeram o suficiente? E isso deveria manter cada um de n\u00f3s acordado \u00e0 noite, porque h\u00e1 crian\u00e7as em Gaza, em Rafah, que v\u00e3o dormir \u00e0 noite sem saber se v\u00e3o acordar. Se acreditamos na paz, se acreditamos num cessar-fogo - eu acredito nisso profundamente, e s\u00e3o essas as conclus\u00f5es do Conselho Europeu de abril - temos de nos desafiar e fazer a n\u00f3s pr\u00f3prios uma pergunta muito simples: estamos a fazer tudo o que podemos para criar o ambiente que permita esse cessar-fogo?\u0022.Euronews : \u201cQuem s\u00e3o os seus parceiros neste Estado palestiniano? Porque, obviamente, falou do facto de que \u00e9 muito importante estar do lado certo da hist\u00f3ria para dar vida \u00e0 solu\u00e7\u00e3o dos dois Estados. Mas que implica\u00e7\u00f5es pr\u00e1ticas \u00e9 que isto vai ter?\u0022Simon Harris: \u201dPenso que o significado pr\u00e1tico e jur\u00eddico desta decis\u00e3o \u00e9 o facto de a representa\u00e7\u00e3o da Palestina aqui na Irlanda, em vez de ser apenas uma representa\u00e7\u00e3o, poder candidatar-se, na devida altura, a tornar-se uma embaixada. De igual modo, a nossa pr\u00f3pria representa\u00e7\u00e3o em Ramallah pode fazer o mesmo. Mas o que est\u00e1 em causa \u00e9 mais do que isso. Trata-se de lideran\u00e7a pol\u00edtica e moral. Trata-se de dizer a outros pa\u00edses da Uni\u00e3o Europeia, que eu sei que est\u00e3o a considerar esta possibilidade, que voc\u00eas tamb\u00e9m o podem fazer. Eu estava muito ansioso por que avan\u00e7\u00e1ssemos a par e o com outros pa\u00edses. Penso que os tr\u00eas pa\u00edses que tomaram esta semana a iniciativa de reconhecer o Estado da Palestina - Espanha, Noruega e Irlanda - t\u00eam um longo historial em termos de empenho na paz no M\u00e9dio Oriente. por isso trata-se de um grupo importante de pa\u00edses\u201d. Euronews: \u201cMas, imaginemos que o Hamas viesse a formar um novo governo no seio da Autoridade Palestiniana no futuro, se houvesse elei\u00e7\u00f5es, porque algumas pessoas apoiam o Hamas\u0022. Simon Harris: \u201cSim. Eu oponho-me fundamentalmente ao Hamas. O Hamas \u00e9 uma organiza\u00e7\u00e3o terrorista. Deveria responder pela atrocidade que cometeu no dia 7 de outubro. \u00c9 dif\u00edcil descrever a magnitude desse ato. Nunca devemos evitar este ponto quando falamos no reconhecimento da Palestina. O que eles fizeram ao povo de Israel foi desprez\u00edvel e brutal. E a tomada de ref\u00e9ns at\u00e9 hoje \u00e9 uma crueldade acrescida ao massacre e ao ataque terrorista que o povo de Israel sofreu e esses ref\u00e9ns devem ser libertados incondicionalmente. \u00c9 necess\u00e1rio que se realizem elei\u00e7\u00f5es democr\u00e1ticas em todos os pa\u00edses onde acreditamos na democracia e, obviamente, o resultado das elei\u00e7\u00f5es democr\u00e1ticas decide os governos dos povos. Mas n\u00e3o h\u00e1 futuro para o povo palestiniano com o Hamas. Penso que o que estamos a tentar fazer aqui \u00e9 dar poder \u00e0s vozes moderadas. Temos isso no nosso pr\u00f3prio pa\u00eds. E penso que isto \u00e9 importante para os telespetadores de fora da Irlanda compreenderem. Tivemos uma organiza\u00e7\u00e3o terrorista na Irlanda, que tentou, por vezes, apoderar-se da nossa bandeira e sugerir que falava em nome do povo, mas n\u00e3o o fez. Aquilo que nos permitiu ter paz foi um processo de paz, que conduziu \u00e0 situa\u00e7\u00e3o bem sucedida que temos hoje\u201d. Euronews : \u201cOs israelitas moderados que aceitam que deve haver uma solu\u00e7\u00e3o de dois Estados continuam a dizer que est\u00e3o preocupados com o facto de que, se houver um Estado palestiniano, independentemente dos seus melhores esfor\u00e7os e da sua boa vontade, poder\u00e1 haver um governo liderado pelo Hamas, o que amea\u00e7aria a viabilidade da seguran\u00e7a de Israel\u201d. Simon Harris: \u201c\u00c9 precisamente por isso que precisamos de ter um processo de paz pol\u00edtico. E \u00e9 por isso que os pa\u00edses de todo o mundo, incluindo a Irlanda, devem estar prontos para ajudar nesse processo. Mas n\u00e3o podemos chegar a esse processo enquanto n\u00e3o houver uma cessa\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia. Por isso, a viol\u00eancia tem de acabar. \u00c9 preciso p\u00f4r fim \u00e0 cat\u00e1strofe humanit\u00e1ria, a ajuda tem de fluir e, depois, \u00e9 necess\u00e1rio levar a cabo um processo de paz pol\u00edtico. E como parte desse processo pol\u00edtico de paz, a seguran\u00e7a de Israel \u00e9 absolutamente vital. E eu disse isso muito claramente, quando reconhecemos o Estado da Palestina esta semana. O povo de Israel tem o direito de viver em paz e seguran\u00e7a. O povo da Palestina tem o direito de viver em paz e seguran\u00e7a, e a comunidade global tem o direito de apoiar e ajudar a chegar a um processo de paz que garanta isso para ambos os Estados. Na Irlanda, temos visto os benef\u00edcios, ao longo de muitos anos, da participa\u00e7\u00e3o e assist\u00eancia globais, quer da Uni\u00e3o Europeia quer dos Estados Unidos, num processo de paz. E n\u00e3o tenho d\u00favidas de que a Uni\u00e3o Europeia, os EUA e outros pa\u00edses estariam prontos a ajudar nesse processo. Por isso, consideramos como extremamente importante a quest\u00e3o da seguran\u00e7a de Israel e do povo israelita. Mas o que est\u00e1 a acontecer agora tem de acabar. A ideia de que o que est\u00e1 a acontecer agora \u00e9 sustent\u00e1vel ou que, de alguma forma, garante a seguran\u00e7a de Israel \u00e9 uma vis\u00e3o extremamente desajustada. \u00c9 um beco sem sa\u00edda em todos os sentidos da palavra. Se quisermos alcan\u00e7ar a paz, temos de entrar num processo de paz pol\u00edtico que reconhe\u00e7a a exist\u00eancia de dois Estados. J\u00e1 houve muitos falsos amanheceres no ado. Mas, a partir deste cen\u00e1rio horr\u00edvel, de um ataque terrorista horr\u00edvel para Israel, de uma cat\u00e1strofe humanit\u00e1ria horr\u00edvel para o povo da Palestina, tem de se chegar a um momento em que possamos avan\u00e7ar para a paz. A \u00fanica forma de conseguir a paz em qualquer regi\u00e3o \u00e9 atrav\u00e9s de um processo pol\u00edtico\u0022. Euronews: \u201cUm dos grupos pol\u00edticos no Parlamento Europeu \u00e9 o PPE, do qual \u00e9 membro, que n\u00e3o tem dado um apoio muito forte \u00e0 Palestina. Na maioria das quest\u00f5es, vemos o PPE a deslocar-se para a direita, Ursula von der Leyen a dizer que poderia potencialmente negociar com os conservadores e reformistas, que tem grupos de extrema-direita no seu seio. Poderia alinhar-se com o grupo Identidade e Democracia que integra grupos de extrema-direita. Est\u00e1 preocupado com o rumo que o PPE poder\u00e1 tomar no final destas elei\u00e7\u00f5es para o Parlamento Europeu?\u0022Simon Harris : \u201dEstou definitivamente preocupado com a ascens\u00e3o da extrema-direita em toda a Uni\u00e3o Europeia. Preocupam-me os elementos que vemos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 extrema-direita aqui na Irlanda. E \u00e9 por isso que acredito que \u00e9 muito importante que os centristas saiam \u00e0 rua e tentem ganhar o maior n\u00famero de votos e convencer o maior n\u00famero de pessoas, no per\u00edodo que antecede as elei\u00e7\u00f5es europeias, porque acredito que o centro precisa de se manter, agora mais do que nunca, tanto aqui na Irlanda, como na Uni\u00e3o Europeia. N\u00e3o quero ver nenhuma viragem para a direita. E \u00e9 por isso que estou a fazer campanha, aqui na Irlanda, para que sejam eleitos eurodeputados do Fine Gael e, da mesma forma, quero ver os colegas do PPE a fazerem o mesmo em toda a Uni\u00e3o Europeia, porque a forma de evitar qualquer desvio do centro \u00e9 maximizar o n\u00famero de pessoas que se elegem de partidos centristas\u0022.Euronews : \u201cSeria contra, se Ursula von der Leyen tivesse de fazer um acordo para se manter no cargo de presidente da Comiss\u00e3o Europeia, para que o PPE ocupe essa posi\u00e7\u00e3o? Seria contra o facto de ela ter de trabalhar com o ECR e potencialmente com o ID?\u0022Simon Harris : \u201cA Irlanda dar\u00e1 a conhecer a sua opini\u00e3o ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es, quando virmos o resultado, porque temos sempre de respeitar os resultados democr\u00e1ticos de todas as elei\u00e7\u00f5es. Mas sei que, quando participo no Conselho Europeu, o maior bloco de primeiros-ministros \u00e9, de longe, o PPE, os primeiros-ministros. Penso que este facto nos d\u00e1 um ponto de partida muito importante para as discuss\u00f5es, ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es de junho. Mas o Parlamento Europeu \u00e9 importante. N\u00e3o quero assistir a uma viragem \u00e0 direita. Acredito que o centro \u00e9 onde temos de estar. Mas tamb\u00e9m acredito, e felicito o PPE por algum do seu trabalho nesta mat\u00e9ria. E tamb\u00e9m temos algum trabalho a fazer aqui na Irlanda. O centro deve apresentar resultados. E quando olhamos para uma s\u00e9rie de quest\u00f5es, penso que o centro permite que surja um vazio, particularmente em torno do discurso da migra\u00e7\u00e3o, e esse vazio \u00e9 preenchido e muitas vezes explorado por elementos da extrema-direita. Isso n\u00e3o \u00e9 apropriado, n\u00e3o \u00e9 correto, n\u00e3o \u00e9 lideran\u00e7a. \u00c9 muito importante que o PPE, a n\u00edvel europeu, e eu pr\u00f3prio, enquanto l\u00edder do Fine Gael, membro do PPE na Irlanda, mostremos aos nossos cidad\u00e3os que compreendemos algumas das quest\u00f5es que colocam em torno de um sistema baseado em regras no que se refere \u00e0 migra\u00e7\u00e3o. E permitam-me que diga o seguinte, para evitar distor\u00e7\u00f5es: a migra\u00e7\u00e3o e a imigra\u00e7\u00e3o s\u00e3o uma coisa boa. Este pa\u00eds beneficiou imenso com a imigra\u00e7\u00e3o. \u00c9 o caso do nosso servi\u00e7o de sa\u00fade e de tantos aspetos da nossa economia. Mas, os nossos cidad\u00e3os tamb\u00e9m nos dizem: \u201odem demostrar-nos que os sistemas s\u00e3o eficientes e eficazes, que se baiseam em regras? \u00c9 necess\u00e1rio que todos os pol\u00edticos centristas, primeiros-ministros como eu, mostrem ao p\u00fablico que compreendemos isso e que estamos a cumprir. Penso que essa \u00e9 a melhor maneira de contrariar uma viragem para os extremos\u0022. Euronews: \u201cMas o problema \u00e9 que o PPE parece estar a caminhar nessa dire\u00e7\u00e3o, no que diz respeito ao processo de potencial externaliza\u00e7\u00e3o do tratamento dos imigrantes, por exemplo. \u00c9 algo que, de certa forma, \u00e9 compar\u00e1vel ao que os brit\u00e2nicos est\u00e3o a fazer com o Ruanda. Concorda com isso?\u0022Simon Harris : \u201cN\u00e3o concordo. Tudo o que o PPE fizer e quiser apresentar, e tudo o que a Irlanda apoiar tem de estar em conformidade com os direitos humanos, com a conven\u00e7\u00e3o europeia dos direitos humanos. E n\u00f3s somos muito claros em rela\u00e7\u00e3o a isso. Cabe \u00e0 Gr\u00e3-Bretanha decidir a sua pol\u00edtica de migra\u00e7\u00e3o, mas penso que est\u00e1 muito longe de algumas das ideias que est\u00e3o a ser discutidas na Europa\u0022.Euronews : \u201orque \u00e9 que acha que as pessoas est\u00e3o a virar-se para a direita? Porque \u00e9 que acha que n\u00e3o acreditam na Europa social do ado, onde se defendia ou pelo menos havia a ideia de defender os direitos dos trabalhadores?\u0022Simon Harris: \u0022Em primeiro lugar, vamos ver se est\u00e3o mesmo a virar-se para a direita, esse \u00e9 o primeiro ponto. As sondagens de opini\u00e3o v\u00e3o e v\u00eam, mas, na verdade, as sondagens de opini\u00e3o aqui na Irlanda, neste momento, em termos das elei\u00e7\u00f5es europeias, sugerem que o centro pode, de facto, aguentar-se muito melhor do que o esperado. vamos ver. Temos um caminho a percorrer, as campanhas s\u00e3o importantes e as elei\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m. De um modo geral, estamos a viver tempos extraordinariamente dif\u00edceis. H\u00e1 desafios enormes a n\u00edvel externo, na Ucr\u00e2nia, no M\u00e9dio Oriente, a crise migrat\u00f3ria, a crise inflacionista. Penso que os pol\u00edticos centristas, incluindo eu pr\u00f3prio, devem desafiar-se a fazer melhor. A me\u00e7hor forma de lidar com a emerg\u00eancia clim\u00e1tica n\u00e3o \u00e9 dar li\u00e7\u00f5es \u00e0s pessoas, \u00e9 suscitar a ades\u00e3o das pessoas. A emerg\u00eancia clim\u00e1tica n\u00e3o \u00e9 uma escolha entre os agricultores e o planeta. Temos de ser capazes de fazer as duas coisas\u201d. Euronews: \u201cConsidera lament\u00e1vel que o PPE se tenha afastado de coisas como a lei da restaura\u00e7\u00e3o da natureza e a lei da biodiversidade? Ursula von der Leyen foi a campe\u00e3 do Pacto Ecol\u00f3gico e, em tr\u00eas ou quatro anos, h\u00e1 um retrocesso, talvez porque ela queira trabalhar com a extrema-direita\u0022.Simon Harris : \u201cN\u00e3o me cabe a mim falar pela Presidente von der Leyen, mas n\u00e3o creio que essa seja uma descri\u00e7\u00e3o justa do que ela est\u00e1 a fazer. Os meus eurodeputados do Fine Gael votaram a favor da lei de restaura\u00e7\u00e3o da natureza. Fomos capazes de mostrar a nossa independ\u00eancia de pensamento quando se trata de fazer o que \u00e9 correto para o planeta, \u00e9 importante quando o processo \u00e9 seguido, e isto foi aprovado pelo Parlamento Europeu. Isso \u00e9 importante, isso conta. Isso \u00e9 democracia. Por isso, n\u00e3o estou satisfeito por ver uma situa\u00e7\u00e3o em que as coisas ficam bloqueadas algures em Bruxelas e t\u00eam de ser revistas, e nesta fase ter\u00e3o de ser revistas ap\u00f3s as elei\u00e7\u00f5es europeias. Mas estou convencido do grande empenho da Presidente von der Leyen em rela\u00e7\u00e3o ao Pacto Ecol\u00f3gico. Penso que ela investiu muita energia, tempo e lideran\u00e7a nesse projeto. Mas, mais uma vez, \u00e9 importante que vejamos a quest\u00e3o a n\u00edvel interno na Irlanda. \u00c9 importante mostrar aos agricultores e ao setor agroalimentar dos quais a Europa depende, que eles podem continuar a existir e a prosperar e, ao mesmo tempo, fazer face \u00e0 emerg\u00eancia clim\u00e1tica. O argumento de que ou se faz uma coisa ou outra, penso eu, \u00e9 o que de facto ajuda a alimentar o extremismo. Temos de fazer as duas coisas. Temos de ajudar os agricultores na transi\u00e7\u00e3o. Temos de os apoiar, de os ouvir, de trabalhar com eles, e temos de salvar o planeta porque h\u00e1 uma emerg\u00eancia clim\u00e1tica\u0022. Euronews : \u201cUma \u00faltima pergunta sobre a Ucr\u00e2nia, porque geograficamente a Irlanda est\u00e1 muito longe, mas \u00e9 obviamente um membro da Uni\u00e3o Europeia e do continente europeu. Nos \u00faltimos meses, a situa\u00e7\u00e3o na Ucr\u00e2nia, no Leste, em Avdivka, em Kharkiv, chegou a um ponto particularmente mau devido \u00e0 falta de armas e \u00e0 falta de consist\u00eancia no que diz respeito ao apoio militar. O que \u00e9 que a Irlanda poderia fazer a esse respeito? Porque, quero dizer, h\u00e1 um reconhecimento de que esta \u00e9 provavelmente uma guerra longa e a Europa precisa de apoiar a Ucr\u00e2nia. Pode n\u00e3o ter o apoio dos Estados Unidos. Fale-me um pouco sobre a forma como v\u00ea essa situa\u00e7\u00e3o. Apoiaria, por exemplo, algo como obriga\u00e7\u00f5es de defesa?\u201dSimon Harris : \u201cN\u00e3o tenho a certeza de que as obriga\u00e7\u00f5es de defesa sejam o caminho a seguir. E h\u00e1 muitos pa\u00edses, incluindo os que prestam assist\u00eancia militar \u00e0 Ucr\u00e2nia, que n\u00e3o t\u00eam a certeza em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s obriga\u00e7\u00f5es. Por isso, os meus coment\u00e1rios s\u00e3o independentes do debate mais alargado sobre as obriga\u00e7\u00f5es. O que a Irlanda vai continuar a fazer \u00e9 prestar uma s\u00e9rie de assist\u00eancia humanit\u00e1ria \u00e0 Ucr\u00e2nia, que tamb\u00e9m \u00e9 muito importante, e assist\u00eancia pr\u00e1tica em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 desminagem e \u00e0 ciberseguran\u00e7a. E estamos a trabalhar com a Ucr\u00e2nia em ambas as quest\u00f5es. Tive tr\u00eas conversas com o Presidente Zelensky desde que me tornei chefe de governo. falei com o Primeiro-Ministro da Ucr\u00e2nia. Vou chefiar a delega\u00e7\u00e3o irlandesa \u00e0 cimeira de paz na Su\u00ed\u00e7a no pr\u00f3ximo m\u00eas, que considero ser um momento importante. E estou tamb\u00e9m a trabalhar no sentido de apelar ao maior n\u00famero poss\u00edvel de pa\u00edses, em especial aos pa\u00edses do Sul global com os quais a Irlanda tem rela\u00e7\u00f5es, para que enviem uma representa\u00e7\u00e3o, porque penso que a cimeira de paz \u00e9 uma oportunidade importante para o mundo, ou a maior parte do mundo, falar a uma s\u00f3 voz sobre os pr\u00f3ximos os. A situa\u00e7\u00e3o na Ucr\u00e2nia, por\u00e9m, \u00e9 extraordinariamente preocupante. Sei-o atrav\u00e9s de conversas com hom\u00f3logos europeus e h\u00e1 quest\u00e3o da defesa a\u00e9rea. \u00c9 uma quest\u00e3o real. \u00c9 grave e urgente. E sei que h\u00e1 v\u00e1rios pa\u00edses europeus que est\u00e3o a ver o que mais pode ser feito para ajudar a Ucr\u00e2nia num sentido pr\u00e1tico\u0022.", "dateCreated": "2024-05-22T17:33:21+02:00", "dateModified": "2024-05-31T18:20:37+02:00", "datePublished": "2024-05-31T18:20:37+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F45%2F25%2F64%2F1440x810_cmsv2_d0b453a3-3d7a-520b-bb05-a229e5b1c5b1-8452564.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "A Euronews falou com o primeiro-ministro irland\u00eas, Simon Harris, sobre a recente decis\u00e3o do pa\u00eds de reconhecer o Estado da Palestina.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F45%2F25%2F64%2F432x243_cmsv2_d0b453a3-3d7a-520b-bb05-a229e5b1c5b1-8452564.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Murray", "givenName": "Shona", "name": "Shona Murray", "url": "/perfis/1982", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@ShonaMurray_", "jobTitle": "Correspondant", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Correspondant \u00e0 Bruxelles" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Irlanda reconhece Palestina para "manter viva a esperança", diz primeiro-ministro irlandês

Irlanda reconhece Palestina para "manter viva a esperança", diz primeiro-ministro irlandês
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A Euronews falou com o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, sobre a recente decisão do país de reconhecer o Estado da Palestina.

Euronews: “Diga-nos, porquê o reconhecimento da Palestina?"

Simon Harris: “Muito francamente, porque temos de manter viva a esperança e o sonho de uma solução de dois Estados, numa altura em que, infelizmente, outros estão a trabalhar para a minar. Acreditamos, e a Irlanda acredita há muitos anos, que a forma de trazer paz e estabilidade ao Médio Oriente é o reconhecimento de uma solução de dois Estados. É muito difícil conseguir uma solução de dois Estados sem reconhecer a existência de dois Estados. A Irlanda teria preferido que isso fizesse parte de um processo de paz. Era a intenção inicial do nosso programa de governo. Mas não podemos esperar para sempre e já aram muitas décadas, desde os Acordos de Oslo. Agora, mais do que nunca, temos de defender abertamente a importância de uma solução que envolva dois Estados, porque, em última análise, é isso que proporcionará ao povo de Israel, ao povo da Palestina e a toda a região a estabilidade e a paz que tanto os israelitas como os palestinianos merecem. Trabalhámos intensamente com os nossos homólogos europeus. Avançámos em sintonia com a Noruega e com a Espanha. Espero que nas próximas semanas outros países europeus também reconheçam a Palestina”.

Euronews: “Quando diz que outros estão a tentar minar este processo, de quem está a falar?”

Simon Harris: “Não creio que o governo de Netanyahu esteja, de alguma forma, empenhado em conseguir uma solução de dois Estados. Ouvimos muita retórica e comentários sonbre isso. Tem havido um consenso generalizado, ao longo de muitos e muitos anos, sobre a necessidade de uma solução de dois Estados. Penso que nas últimas semanas, nos últimos meses, temos assistido a muitos esforços para acabar com essa esperança. Tomámos a decisão de reconhecer a Palestina por ser a decisão mais adequada. Mas estou muito consciente de que a decisão foi tomada numa altura em que há uma catástrofe humanitária inconcebível a desenrolar-se em tempo real em Gaza, uma escala de catástrofe humanitária que penso que ainda nem sequer compreendemos. Por isso, é muito importante dar poder às vozes moderadas, tanto na Palestina como em Israel, porque há muita retórica, há muita deturpação intencional do que a Irlanda e outros estão a fazer ao reconhecer a Palestina. Não se trata do Hamas. Abominamos o Hamas. É uma organização terrorista. Não oferecem nada ao povo palestiniano em termos de futuro. São um perigo e uma ameaça para os israelitas e para o povo palestiniano. O que aconteceu no dia 7 de outubro foi um massacre terrorista desprezível e repugnante. Todos os reféns deveriam ser libertados incondicionalmente. Mas os irlandeses sabem melhor do que a maioria das pessoas o que é ter uma organização terrorista que, de muitas maneiras, sequestra a nossa identidade. O Hamas não é a Palestina, e nós sabemos distinguir as duas coisas”.

Euronews: “Mas, os israelitas dizem que essa decisão reconforta o Hamas, porque surge em resposta, é o que eles dizem, ao ataque de 7 de outubro".

Simon Harris: “E nós, obviamente, não aceitamos isso de todo. Creio que reconhecemos plenamente o Estado de Israel. Reconhecemos o seu direito a viver em paz e segurança, e é perfeitamente aceitável dizê-lo e dizer também que existe um Estado da Palestina e que reconhecemos a sua necessidade de viver em paz e segurança. Temos de tentar quebrar os ciclos geracionais de ressentimento, de ódio, de retaliação, de morte, de miséria e de medo. E a forma de o fazer é reconhecer muito claramente que é necessário um processo de paz político, que tem de reconhecer a existência de dois Estados. Dizemos aos nossos amigos em Israel, ao povo israelita que não pode ser definido pelas decisões da liderança do seu governo, que queremos que possam viver em paz e segurança. E creio que há muitas pessoas em Israel e na Palestina, muitos pais em ambos os Estados, que querem que os seus filhos possam crescer, num país e numa região, seguros e protegidos. E é isso que estamos a tentar ajudar a concretizar, so dizermos, juntamente com outros países, que acreditamos que há uma forma política de fazer avançar esta questão, e essa é uma solução de dois Estados".

Euronews : “Qual é a sua reação ao facto de alguns países da UE e os aliados da Irlanda, os Estados Unidos, criticarem o Tribunal Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional por algumas das críticas e pelos processos contra Israel e o Hamas?"

Simon Harris : “Reconheço o direito de qualquer país a expressar as suas opiniões sobre qualquer assunto. De uma perspetiva irlandesa, penso que é muito importante respeitarmos a independência destas estruturas judiciais internacionais. Penso que servem bem o mundo. Considero que são importantes. E não quero fazer qualquer tipo de comentário sobre a independência das decisões que eles tomam e que, de facto, têm de tomar nos próximos dias, semanas e meses.Euronews: “Mas não mostra que existem divisões profundas na União Europeia e potencialmente enfraquece a europa no palco global, onde fomos capazes de mostrar uma posição coesa durante muito tempo sobre a situação em Gaza?"

Simon Harris: “Penso que é realmente lamentável. Quero dizer, compreendo o contexto e compreendo as perspetivas que os diferentes países trazem para a mesa, mesmo que discorde fundamentalmente de algumas delas. Mas penso que tivemos um momento importante em abril, quando, no Conselho Europeu, o primeiro Conselho Europeu a que tive a honra de assistir, como Taoiseach, chegámos a conclusões que apelavam a um cessar-fogo imediato e que se afastaram de frases como “pausa humanitária”. Por isso, acredito agora que a posição irlandesa, que visa um cessar-fogo imediato, assegurar que a ajuda humanitária possa fluir e iniciar um processo político, está a tornar-se rapidamente a opinião dominante na Europa. Mas também temos de ser honestos, tem havido uma variedade de opiniões nas mesas europeias sobre este assunto".

Euronews: “Mas acredita que a UE fez o suficiente para defender o direito internacional? A UE é um sistema baseado em regras. E vemos, por exemplo, funcionários da União Europeia a pedir à Comissão que faça mais para criticar o que está a acontecer em Gaza, tal como criticam o que está a acontecer na Rússia e na Ucrânia”.

Simon Harris: “Acredito que se pode e deve fazer mais, e exprimo-o em todas as oportunidades possíveis com os homólogos europeus, com a presidente da Comissão, no Conselho Europeu. E refiro-me em particular aos acordos de associação entre a União Europeia e Israel, que têm cláusulas sobre direitos humanos. E estas não foram introduzidas para tornar o documento mais extenso ou preencher espaço. Têm um efeito real, são palavras reais e significativas. E fazem parte de um acordo entre Israel e a União Europeia. Para ser franco, não percebo por que razão não se procedeu à revisão do acordo, pedindo simplesmente que este fosse revisto do ponto de vista dos direitos humanos. Penso que é lamentável, e continuarei a defender todos os dias, em nome da Irlanda, que isso aconteça. O meu antecessor e Primeiro-Ministro de Espanha, Pedro Sanchez, assinou uma carta com esse objetivo. E essa carta continua a ser a posição da Irlanda atualmente".

Euronews : “Mas é claro que alguns Estados-Membros diriam que, de uma perspetiva histórica, não se sentem confortáveis a criticar Israel, em particular a Alemanha, obviamente".

Simon Harris: “Por isso, penso que temos de ter muito cuidado para não dizermos que o que está em causa é o direito internacional e os direitos humanos, e essa é a perspetiva irlandesa. E muitas vezes é deturpada, acidental ou intencionalmente. Não se trata de ser pró-israelita ou pró-palestiniano. Trata-se de ser a favor do direito internacional. Tem a ver com ser a favor dos direitos humanos. Trata-se de ser a favor da paz. E penso que o que está a acontecer em Gaza é inaceitável. E haverá um momento no futuro em que os vossos filhos, netos e bisnetos perguntarão: “O que é que vocês fizeram? O que é que vocês fizeram? Fizeram o suficiente? E isso deveria manter cada um de nós acordado à noite, porque há crianças em Gaza, em Rafah, que vão dormir à noite sem saber se vão acordar. Se acreditamos na paz, se acreditamos num cessar-fogo - eu acredito nisso profundamente, e são essas as conclusões do Conselho Europeu de abril - temos de nos desafiar e fazer a nós próprios uma pergunta muito simples: estamos a fazer tudo o que podemos para criar o ambiente que permita esse cessar-fogo?".

Euronews : “Quem são os seus parceiros neste Estado palestiniano? Porque, obviamente, falou do facto de que é muito importante estar do lado certo da história para dar vida à solução dos dois Estados. Mas que implicações práticas é que isto vai ter?"

Simon Harris: ”Penso que o significado prático e jurídico desta decisão é o facto de a representação da Palestina aqui na Irlanda, em vez de ser apenas uma representação, poder candidatar-se, na devida altura, a tornar-se uma embaixada. De igual modo, a nossa própria representação em Ramallah pode fazer o mesmo. Mas o que está em causa é mais do que isso. Trata-se de liderança política e moral. Trata-se de dizer a outros países da União Europeia, que eu sei que estão a considerar esta possibilidade, que vocês também o podem fazer. Eu estava muito ansioso por que avançássemos a par e o com outros países. Penso que os três países que tomaram esta semana a iniciativa de reconhecer o Estado da Palestina - Espanha, Noruega e Irlanda - têm um longo historial em termos de empenho na paz no Médio Oriente. por isso trata-se de um grupo importante de países”.

Euronews: “Mas, imaginemos que o Hamas viesse a formar um novo governo no seio da Autoridade Palestiniana no futuro, se houvesse eleições, porque algumas pessoas apoiam o Hamas".

Simon Harris: “Sim. Eu oponho-me fundamentalmente ao Hamas. O Hamas é uma organização terrorista. Deveria responder pela atrocidade que cometeu no dia 7 de outubro. É difícil descrever a magnitude desse ato. Nunca devemos evitar este ponto quando falamos no reconhecimento da Palestina. O que eles fizeram ao povo de Israel foi desprezível e brutal. E a tomada de reféns até hoje é uma crueldade acrescida ao massacre e ao ataque terrorista que o povo de Israel sofreu e esses reféns devem ser libertados incondicionalmente. É necessário que se realizem eleições democráticas em todos os países onde acreditamos na democracia e, obviamente, o resultado das eleições democráticas decide os governos dos povos. Mas não há futuro para o povo palestiniano com o Hamas. Penso que o que estamos a tentar fazer aqui é dar poder às vozes moderadas. Temos isso no nosso próprio país. E penso que isto é importante para os telespetadores de fora da Irlanda compreenderem. Tivemos uma organização terrorista na Irlanda, que tentou, por vezes, apoderar-se da nossa bandeira e sugerir que falava em nome do povo, mas não o fez. Aquilo que nos permitiu ter paz foi um processo de paz, que conduziu à situação bem sucedida que temos hoje”.

Euronews : “Os israelitas moderados que aceitam que deve haver uma solução de dois Estados continuam a dizer que estão preocupados com o facto de que, se houver um Estado palestiniano, independentemente dos seus melhores esforços e da sua boa vontade, poderá haver um governo liderado pelo Hamas, o que ameaçaria a viabilidade da segurança de Israel”.

Simon Harris: “É precisamente por isso que precisamos de ter um processo de paz político. E é por isso que os países de todo o mundo, incluindo a Irlanda, devem estar prontos para ajudar nesse processo. Mas não podemos chegar a esse processo enquanto não houver uma cessação da violência. Por isso, a violência tem de acabar. É preciso pôr fim à catástrofe humanitária, a ajuda tem de fluir e, depois, é necessário levar a cabo um processo de paz político. E como parte desse processo político de paz, a segurança de Israel é absolutamente vital. E eu disse isso muito claramente, quando reconhecemos o Estado da Palestina esta semana. O povo de Israel tem o direito de viver em paz e segurança. O povo da Palestina tem o direito de viver em paz e segurança, e a comunidade global tem o direito de apoiar e ajudar a chegar a um processo de paz que garanta isso para ambos os Estados. Na Irlanda, temos visto os benefícios, ao longo de muitos anos, da participação e assistência globais, quer da União Europeia quer dos Estados Unidos, num processo de paz. E não tenho dúvidas de que a União Europeia, os EUA e outros países estariam prontos a ajudar nesse processo. Por isso, consideramos como extremamente importante a questão da segurança de Israel e do povo israelita. Mas o que está a acontecer agora tem de acabar. A ideia de que o que está a acontecer agora é sustentável ou que, de alguma forma, garante a segurança de Israel é uma visão extremamente desajustada. É um beco sem saída em todos os sentidos da palavra. Se quisermos alcançar a paz, temos de entrar num processo de paz político que reconheça a existência de dois Estados. Já houve muitos falsos amanheceres no ado. Mas, a partir deste cenário horrível, de um ataque terrorista horrível para Israel, de uma catástrofe humanitária horrível para o povo da Palestina, tem de se chegar a um momento em que possamos avançar para a paz. A única forma de conseguir a paz em qualquer região é através de um processo político".

Euronews: “Um dos grupos políticos no Parlamento Europeu é o PPE, do qual é membro, que não tem dado um apoio muito forte à Palestina. Na maioria das questões, vemos o PPE a deslocar-se para a direita, Ursula von der Leyen a dizer que poderia potencialmente negociar com os conservadores e reformistas, que tem grupos de extrema-direita no seu seio. Poderia alinhar-se com o grupo Identidade e Democracia que integra grupos de extrema-direita. Está preocupado com o rumo que o PPE poderá tomar no final destas eleições para o Parlamento Europeu?"

Simon Harris : ”Estou definitivamente preocupado com a ascensão da extrema-direita em toda a União Europeia. Preocupam-me os elementos que vemos em relação à extrema-direita aqui na Irlanda. E é por isso que acredito que é muito importante que os centristas saiam à rua e tentem ganhar o maior número de votos e convencer o maior número de pessoas, no período que antecede as eleições europeias, porque acredito que o centro precisa de se manter, agora mais do que nunca, tanto aqui na Irlanda, como na União Europeia. Não quero ver nenhuma viragem para a direita. E é por isso que estou a fazer campanha, aqui na Irlanda, para que sejam eleitos eurodeputados do Fine Gael e, da mesma forma, quero ver os colegas do PPE a fazerem o mesmo em toda a União Europeia, porque a forma de evitar qualquer desvio do centro é maximizar o número de pessoas que se elegem de partidos centristas".

Euronews : “Seria contra, se Ursula von der Leyen tivesse de fazer um acordo para se manter no cargo de presidente da Comissão Europeia, para que o PPE ocupe essa posição? Seria contra o facto de ela ter de trabalhar com o ECR e potencialmente com o ID?"

Simon Harris : “A Irlanda dará a conhecer a sua opinião após as eleições, quando virmos o resultado, porque temos sempre de respeitar os resultados democráticos de todas as eleições. Mas sei que, quando participo no Conselho Europeu, o maior bloco de primeiros-ministros é, de longe, o PPE, os primeiros-ministros. Penso que este facto nos dá um ponto de partida muito importante para as discussões, após as eleições de junho. Mas o Parlamento Europeu é importante. Não quero assistir a uma viragem à direita. Acredito que o centro é onde temos de estar. Mas também acredito, e felicito o PPE por algum do seu trabalho nesta matéria. E também temos algum trabalho a fazer aqui na Irlanda. O centro deve apresentar resultados. E quando olhamos para uma série de questões, penso que o centro permite que surja um vazio, particularmente em torno do discurso da migração, e esse vazio é preenchido e muitas vezes explorado por elementos da extrema-direita. Isso não é apropriado, não é correto, não é liderança. É muito importante que o PPE, a nível europeu, e eu próprio, enquanto líder do Fine Gael, membro do PPE na Irlanda, mostremos aos nossos cidadãos que compreendemos algumas das questões que colocam em torno de um sistema baseado em regras no que se refere à migração. E permitam-me que diga o seguinte, para evitar distorções: a migração e a imigração são uma coisa boa. Este país beneficiou imenso com a imigração. É o caso do nosso serviço de saúde e de tantos aspetos da nossa economia. Mas, os nossos cidadãos também nos dizem: “Podem demostrar-nos que os sistemas são eficientes e eficazes, que se baiseam em regras? É necessário que todos os políticos centristas, primeiros-ministros como eu, mostrem ao público que compreendemos isso e que estamos a cumprir. Penso que essa é a melhor maneira de contrariar uma viragem para os extremos".

Euronews: “Mas o problema é que o PPE parece estar a caminhar nessa direção, no que diz respeito ao processo de potencial externalização do tratamento dos imigrantes, por exemplo. É algo que, de certa forma, é comparável ao que os britânicos estão a fazer com o Ruanda. Concorda com isso?"

Simon Harris : “Não concordo. Tudo o que o PPE fizer e quiser apresentar, e tudo o que a Irlanda apoiar tem de estar em conformidade com os direitos humanos, com a convenção europeia dos direitos humanos. E nós somos muito claros em relação a isso. Cabe à Grã-Bretanha decidir a sua política de migração, mas penso que está muito longe de algumas das ideias que estão a ser discutidas na Europa".

Euronews : “Porque é que acha que as pessoas estão a virar-se para a direita? Porque é que acha que não acreditam na Europa social do ado, onde se defendia ou pelo menos havia a ideia de defender os direitos dos trabalhadores?"

Simon Harris: "Em primeiro lugar, vamos ver se estão mesmo a virar-se para a direita, esse é o primeiro ponto. As sondagens de opinião vão e vêm, mas, na verdade, as sondagens de opinião aqui na Irlanda, neste momento, em termos das eleições europeias, sugerem que o centro pode, de facto, aguentar-se muito melhor do que o esperado. vamos ver. Temos um caminho a percorrer, as campanhas são importantes e as eleições também. De um modo geral, estamos a viver tempos extraordinariamente difíceis. Há desafios enormes a nível externo, na Ucrânia, no Médio Oriente, a crise migratória, a crise inflacionista. Penso que os políticos centristas, incluindo eu próprio, devem desafiar-se a fazer melhor. A meçhor forma de lidar com a emergência climática não é dar lições às pessoas, é suscitar a adesão das pessoas. A emergência climática não é uma escolha entre os agricultores e o planeta. Temos de ser capazes de fazer as duas coisas”.

Euronews: “Considera lamentável que o PPE se tenha afastado de coisas como a lei da restauração da natureza e a lei da biodiversidade? Ursula von der Leyen foi a campeã do Pacto Ecológico e, em três ou quatro anos, há um retrocesso, talvez porque ela queira trabalhar com a extrema-direita".

Simon Harris : “Não me cabe a mim falar pela Presidente von der Leyen, mas não creio que essa seja uma descrição justa do que ela está a fazer. Os meus eurodeputados do Fine Gael votaram a favor da lei de restauração da natureza. Fomos capazes de mostrar a nossa independência de pensamento quando se trata de fazer o que é correto para o planeta, é importante quando o processo é seguido, e isto foi aprovado pelo Parlamento Europeu. Isso é importante, isso conta. Isso é democracia. Por isso, não estou satisfeito por ver uma situação em que as coisas ficam bloqueadas algures em Bruxelas e têm de ser revistas, e nesta fase terão de ser revistas após as eleições europeias. Mas estou convencido do grande empenho da Presidente von der Leyen em relação ao Pacto Ecológico. Penso que ela investiu muita energia, tempo e liderança nesse projeto. Mas, mais uma vez, é importante que vejamos a questão a nível interno na Irlanda. É importante mostrar aos agricultores e ao setor agroalimentar dos quais a Europa depende, que eles podem continuar a existir e a prosperar e, ao mesmo tempo, fazer face à emergência climática. O argumento de que ou se faz uma coisa ou outra, penso eu, é o que de facto ajuda a alimentar o extremismo. Temos de fazer as duas coisas. Temos de ajudar os agricultores na transição. Temos de os apoiar, de os ouvir, de trabalhar com eles, e temos de salvar o planeta porque há uma emergência climática".

Euronews : “Uma última pergunta sobre a Ucrânia, porque geograficamente a Irlanda está muito longe, mas é obviamente um membro da União Europeia e do continente europeu. Nos últimos meses, a situação na Ucrânia, no Leste, em Avdivka, em Kharkiv, chegou a um ponto particularmente mau devido à falta de armas e à falta de consistência no que diz respeito ao apoio militar. O que é que a Irlanda poderia fazer a esse respeito? Porque, quero dizer, há um reconhecimento de que esta é provavelmente uma guerra longa e a Europa precisa de apoiar a Ucrânia. Pode não ter o apoio dos Estados Unidos. Fale-me um pouco sobre a forma como vê essa situação. Apoiaria, por exemplo, algo como obrigações de defesa?”

Simon Harris : “Não tenho a certeza de que as obrigações de defesa sejam o caminho a seguir. E há muitos países, incluindo os que prestam assistência militar à Ucrânia, que não têm a certeza em relação às obrigações. Por isso, os meus comentários são independentes do debate mais alargado sobre as obrigações. O que a Irlanda vai continuar a fazer é prestar uma série de assistência humanitária à Ucrânia, que também é muito importante, e assistência prática em relação à desminagem e à cibersegurança. E estamos a trabalhar com a Ucrânia em ambas as questões. Tive três conversas com o Presidente Zelensky desde que me tornei chefe de governo. falei com o Primeiro-Ministro da Ucrânia. Vou chefiar a delegação irlandesa à cimeira de paz na Suíça no próximo mês, que considero ser um momento importante. E estou também a trabalhar no sentido de apelar ao maior número possível de países, em especial aos países do Sul global com os quais a Irlanda tem relações, para que enviem uma representação, porque penso que a cimeira de paz é uma oportunidade importante para o mundo, ou a maior parte do mundo, falar a uma só voz sobre os próximos os. A situação na Ucrânia, porém, é extraordinariamente preocupante. Sei-o através de conversas com homólogos europeus e há questão da defesa aérea. É uma questão real. É grave e urgente. E sei que há vários países europeus que estão a ver o que mais pode ser feito para ajudar a Ucrânia num sentido prático".

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